quarta-feira, dezembro 31, 2014

hmmmmm...


O partido da função pública...

Nas notícias de hoje: Três sindicatos da TAP pedem reunião urgente com António Costa

Três sindicatos da TAP pedem reunião urgente com António Costa

Não, não pedem reunião urgente com quem actualmente governa. Pedem reunião urgente com o líder do maior partido da oposição. Para quê? O PS sempre foi o partido da função pública... para chupar dinheiro aos privados está o PS. Assim é tão fácil ganhar votos: prometem-se regalias à conta dos outros e quanto mais função pública existir, mais votos eles têm... por isso há tanto medo de privatizações. Se todos forem privados, se produzirem, se enriquecerem, quem vai votar no PS e à esquerda do mesmo?

Perspectivas de ricos e pobres

Se eu ganhar 800 euros, chegar ao fim do mês a contar os tostões, e achar que o que é justo é que crise seja paga pelos ricos, sou pobre a ser esfolada por um governo neo-liberal.

Se eu ganhar 800 euros, chegar ao fim do mês a contar os tostões, e achar que temos de cortar na administração pública, e Estado Social para ultrapassar a crise, porque os ricos já pagam mais que todos e acho que os impostos são mais injustos do que os cortes, sou uma privilegiada que fala de barriga cheia.

Se eu ganhar 1200 euros tiver 2 carros na família, pagar 600 só por causa deles, tiver um filho na escola pública e com todas as outras contas andar a contar os tostões e me queixar que a escola é uma miséria e que eu não tenho opção, sou pobre a ser esfolada por um governo neo-liberal que quer acabar com a educação pública.

Se eu ganhar 1200 euros, tiver um carro já pago, com matrícula com mais de 10 anos, tiver um filho em escola privada porque acho que a pública é uma miséria e, por isso, pagar 600 euros para a educação do filho e com todas as outras contas andar a contar os tostões, afirmando que acho que o Estado deveria atribuir um cheque-escola para permitir a todos os pais a escolha da escola que mais se adapta aos seus filhos, sou um privilegiada que fala de barriga cheia e quer é acabar com a escola pública.

Se eu ganhar 3000 euros e achar que os ricos são outros e esses é que têm de pagar a crise. Sou uma trabalhadora que está a ser vítima de um governo neo-liberal.


Se eu ganhar 3000 euros e achar que temos de cortar na administração pública e Estado Social para ultrapassar a crise, porque os impostos não motivam o trabalho e o investimento e porque os ricos já pagam mais que todos e acho que os impostos são mais injustos do que os cortes, sou rica e uma privilegiada que fala de barriga cheia e era bem feita que os impostos me levassem mais de metade do que eu ganho, para ver se aprendo. 


Se eu disser que os ricos têm de pagar a crise e tiver casa comprada em Paris, fizer gastos mensais 3 vezes superiores ao que ganho, e passar férias em Pine Cliffs, AI DE QUEM O MENCIONE porque estou a ser vítima de uma conspiração.

Se eu disser que são necessários cortes na despesa e tiver apartamento em Massamá, um opel corsa e passar férias em Manta Rota, sou um ladrão que só quer é meter para o bolso.

terça-feira, dezembro 30, 2014

Festas...



Álbum de férias de um gato

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Convidativo...

Salgado doou 570 mil euros à Fundação Mário Soares desde 2011

 O Dono disto Tudo e o Pseudo-dono desta Democracia... alguém fica realmente surpreendido?

A podridão do sistema em todo o seu esplendor!

Reflexões sobre ser mãe


 A maternidade não é um conto de fadas e creio que quem o faz parecer como tal tem graves problemas de insegurança. A maternidade é o que tiver de ser. São dores de cabeça, são dúvidas, é roupa suja, a nossa, a dos putos, a do marido. É o chão debaixo da mesa cheio de migalhas que limpamos "já a seguir" e a sala cheia de brinquedos que passaram a fazer parte da decoração (qual decoração?). É deixar de ter tempo para sequer pensar em maquilhagens e, francamente, ser das coisas que menos preocupa, porque existem prioridades tão mais importantes do que a roupa, a pele, o corpo. É espírito de sacrifício sem o sentir como tal. E eles vão crescendo mas a confusão, a sujidade, as migalhas e a desarrumação continua a mesma, com objectos diferentes a perseguirem-nos. As dúvidas aumentam a cada etapa, dúvidas muitas vezes para etapas que não chegaram mas que, a cada dia, estão mais próximas.

Uma sociedade sem classes


Li algures que o objectivo da esquerda era uma sociedade sem classes e quando as pessoas entendessem que era melhor para elas votavam esquerda (isto enquanto se justificava, culpando a direita, o facto de países que levaram a cabo as políticas marxistas não tiveram sucesso). 

Ora eu pergunto e peço que pensem bem nisto:

Como é que, NA PRÁTICA, se consegue uma sociedade sem classes? Ou seja, uma sociedade na qual todos têm o mesmo nível de "riqueza"?


Ora para o alcançarmos, agora, teríamos de roubar quem já tem mais e distribuir por todos os outros mesmo que esses outros nunca tenham feito um "pentelho" na vida. E, imaginando que isso é viável, depois de dividirmos tudo, impedimos quem quer enriquecer de o fazer? Como? E se alguém quiser trabalhar mais horas, para receber mais, não recebe? Se não recebe também não trabalha, certo? E, se assim é quem é que vai ter o trabalho de abrir empresas e criar trabalho? Porque se ganho o mesmo esperando que criem o meu trabalho então eu espero que algum parvo o faça. Vai ser o Estado a ter todas as empresas? E quem vai ser o chefe das empresas? Porque eu sei que não quereria a responsabilidade de ser chefe se não ganhar mais por isso... Fazemos cooperativas, é isso? (como as que se fizeram no pós-25/4 que deram no que deram?).  E quem é que vai tirar cursos superiores se fica a ganhar o mesmo sem ele? Para quê o trabalho? Então como vamos ter técnicos qualificados? Obrigando as pessoas a estudar para isso e depois a trabalhar por tuta e meia, é isso? 
E se eu trabalhar menos recebo menos? se recebo menos os outros ficam mais "ricos" do que eu e passamos a ter classes, certo? então pagamos o mesmo a todos independentemente de trabalharem muito ou pouco? Então para que raio hão-de as pessoas trabalhar mais? Como resolvemos isso? Obrigamos as pessoas a trabalhar? Como? à lei da bala, do chicote ou ameaçando com cadeia?

segunda-feira, dezembro 29, 2014

A tolerância do comunismo... ou não!


Sempre ouvi a expressão: "os extremos tocam-se". Na verdade não sei se se tocam ou não se tocam, o que sei é que os povos que se vêem forçados a viver dentro de um regime extremista, seja de direita ou de esquerda, sofrem de igual forma.


Seja como for, sempre ouvi a esquerda acusar a direita de ser racista, sendo eles auto-denominados de "justos" e "tolerantes". Assim sendo, seria de espantar (eu ficaria admirada se não soubesse o que eles são na verdade) quando lemos que a comissão nacional de defesa norte-coreana, o mais comunista de todos (e infelizmente são muitos) os estados comunistas, denominou o negro Presidente dos Estados Unidos da América de "macaco preto e mau"

"Barack Obama é o principal culpado que forçou a Sony Pictures Entertainment a distribuir indiscriminadamente este filme. Sempre imprudente nas suas palavras e acções, como um macaco preto e mau numa floresta tropical".

Ah os camaradas! Os camaradas do país que Bernardino Soares, do PCP, considera uma democracia. 

Carta a uma Geração Errada - José Gomes Ferreira


Caros João Cravinho, Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix, Ferro Rodrigues, Sevinate Pinto, Vitor Martins e demais subscritores do manifesto pela reestruturação da divida publica: Que tal deixarem para a geração seguinte a tarefa de resolver os problemas gravíssimos que vocês lhes deixaram? É que as vossas propostas já não resolvem, só agravam os problemas. Que tal darem lugar aos mais novos?

Vi, ouvi, li, e não queria acreditar. 70 das mais importantes personalidades do país, parte substancial da nossa elite, veio propor que se diga aos credores internacionais o seguinte:
– Desculpem lá qualquer coisinha mas nós não conseguimos pagar tudo o que vos devemos, não conseguimos sequer cumprir as condições que nós próprios assinámos, tanto em juros como em prazos de amortizações!
Permitam-me uma pergunta simples e directa: Vocês pensaram bem no momento e nas consequências da vossa proposta, feita a menos de dois meses do anúncio do modo de saída do programa de assistência internacional?
Imaginaram que, se os investidores internacionais levarem mesmo a sério a vossa proposta, poderão começar a duvidar da capacidade e da vontade de Portugal em honrar os seus compromissos e poderão voltar a exigir já nos próximos dias um prémio de risco muito mais elevado pela compra de nova dívida e pela posse das obrigações que já detêm?
Conseguem perceber que, na hipótese absurda de o Governo pedir agora uma reestruturação da nossa dívida, os juros no mercado secundário iriam aumentar imediatamente e deitar a perder mais de três anos de austeridade necessária e incontornável para recuperar a confiança dos investidores, obrigando, isso sim, a um novo programa de resgate e ainda a mais austeridade, precisamente aquilo que vocês dizem querer evitar?
Conseguem perceber que, mesmo na hipótese absurda de os credores oficiais internacionais FMI, BCE e Comissão Europeia aceitarem a proposta, só o fariam contra a aceitação de uma ainda mais dura condicionalidade, ainda mais austeridade?
Conseguem perceber que os credores externos, nomeadamente os alemães, iriam imediatamente responder – Por que é que não começam por vocês próprios?
Os vossos bancos não têm mais de 25 por cento da vossa dívida pública nos seus balanços, mais de 40 mil milhões de euros, e o vosso Fundo de Capitalização da Segurança Social não tem mais de 8 mil milhões de euros de obrigações do Tesouro? Peçam-lhes um perdão parcial de capital e de juros.
Conseguem perceber que, neste caso, os bancos portugueses ficariam à beira da falência e a Segurança Social ficaria descapitalizada?
Nenhum de vós, subscritores do manifesto pela reestruturação da dívida pública, faria tal proposta se fosse Ministro das Finanças. E sobretudo não a faria neste delicadíssimo momento da vida financeira do país. Mesmo sendo uma proposta feita por cidadãos livres e independentes, pela sua projeção social poderá ter impacto externo e levar a uma degradação da perceção dos investidores, pela qual vos devemos responsabilizar desde já. Se isso acontecer, digo-vos que como cidadão contribuinte vou exigir publicamente que reparem o dano causado ao Estado.
Conseguem perceber porque é que o partido que pode ser Governo em breve, liderado por António José Seguro, reagiu dizendo apenas que se deve garantir uma gestão responsável da dívida pública e nunca falando de reestruturação?
Pergunto-vos também se não sabem que uma reestruturação de dívida pública não se pede, nunca se anuncia publicamente. Se é preciso fazer-se, faz-se. Discretamente, nos sóbrios gabinetes da alta finança internacional.
Aliás, vocês não sabem que Portugal já fez e continua a fazer uma reestruturação discreta da nossa dívida pública? Vitor Gaspar como ministro das Finanças e Maria Luis Albuquerque como Secretária de Estado do Tesouro negociaram com o BCE e a Comissão Europeia uma baixa das taxas de juro do dinheiro da assistência, de cerca de 5 por cento para 3,5 por cento. Negociaram a redistribuição das maturidades de 52 mil milhões de euros dos respetivos créditos para o período entre 2022 e 2035, quando os pagamentos estavam previstos para os anos entre 2015 e 2022, esse sim um calendário que era insustentável.
Ao mesmo tempo, juntamente com o IGCP dirigido por João Moreira Rato, negociaram com os credores privados Ofertas Públicas de Troca que consistem basicamente em convencê-los a receber o dinheiro mais tarde.
A isto chama-se um “light restructuring”, uma reestruturação suave e discreta da nossa dívida, que continua a ser feita mas nunca pode ser anunciada ao mundo como uma declaração de incapacidade de pagarmos as nossas responsabilidades.
Sabem que em consequência destas iniciativas, e sobretudo da correção dos défices do Estado, dos cortes de despesa pública, da correção das contas externas do país que já vai em quase 3 por cento do PIB, quase cinco mil milhões de euros de saldo positivo, os credores internacionais voltaram a acreditar em nós. De tal forma que os juros das obrigações do Tesouro a 10 anos no mercado secundário já estão abaixo dos 4,5 por cento.
Para os mais distraídos, este é o valor médio dos juros a pagar pela República desde que aderimos ao Euro em 1999. O valor factual já está abaixo. Basta consultar a série longa das Estatísticas do Banco de Portugal.
E sim, Eng. João Cravinho, é bom lembrar-lhe que a 1 de janeiro de 1999, a taxa das obrigações a 10 anos estava nos 3,9 por cento mas quando o seu Governo saiu, em Outubro desse ano, já estava nos 5,5 por cento, bem acima do valor atual.
É bom lembra-lhe que fazia parte de um Governo que decidiu a candidatura ao Euro 2004 com 10 estádios novos, quando a UEFA exigia só seis. E que decidiu lançar os ruinosos projetos de SCUT, sem custos para o utilizador, afinal tão caros para os contribuintes. O resultado aí está, a pesar na nossa dívida pública.
É bom lembrar aos subscritores do manifesto pela reestruturação da dívida pública que muitos de vós participaram nos Conselhos de Ministros que aumentaram objetivamente a dívida pública direta e indireta.
Foram cor-responsáveis pela passagem dos cheques da nossa desgraça atual. Negócios de Estado ruinosos, negócios com privados que afinal eram da responsabilidade do contribuinte. O resultado aí está, a pesar directa e indirectamente nos nossos bolsos.
Sim, todos sabemos que quem pôs o acelerador da dívida pública no máximo foi José Sócrates, Teixeira dos Santos, Costa Pina, Mário Lino, Paulo Campos, Maria de Lurdes Rodrigues com as suas escolas de luxo que foram uma festa para a arquitectura e agora queimam as nossas finanças.
Mas em geral, todos foram responsáveis pela maneira errada de fazer política, de fazer negócios sem mercado, de misturar política com negócios, de garantir rendas para alguns em prejuízo de todos.
Sabem perfeitamente que em todas as crises de finanças públicas a única saída foi o Estado parar de fazer nova dívida e começar a pagar a que tinha sido acumulada. A única saída foi a austeridade.
Com o vosso manifesto, o que pretendem? Voltar a fazer negócios de Estado como até aqui? Voltar a um modelo de gastos públicos ruinosos com o dinheiro dos outros?
Por que é que em vez de dizerem que a dívida é impagável, agravando ainda mais a vida financeira das gerações seguintes, não ajudam a resolver os gravíssimos problemas que a economia e o Estado enfrentam e que o Governo não tem coragem nem vontade de resolver ao contrário do que diz aos portugueses?
Por que é que não contribuem para que se faça uma reforma profunda do Estado, no qual se continuam a gastar recursos que não temos para produzir bens e serviços inúteis, ou para muitos departamentos públicos não produzirem nada e ainda por cima impedirem os empresários de investir com burocracias economicamente criminosas?
Por que não canalizam as vossas energias para ajudar a uma mudança profunda de uma economia que protege sectores inteiros da verdadeira concorrência prejudicando as famílias, as PME, as empresas exportadoras e todos os que querem produzir para substituir importações em condições de igualdade com outros empresários europeus?
Por que não combatem as práticas de uma banca que cobra os spreads e as comissões mais caros da Europa?
Um sector eléctrico que recebe demais para não produzir electricidade na produção clássica e para produzir em regime especial altamente subsidiado à custa de todos nós?
Um sector das telecomunicações que, apesar de parcialmente concorrencial, ainda cobra 20, 30 e até 40 por cento acima da média europeia em certos pacotes de serviços?
Por que não ajudam a cortar a sério nas rendas das PPP e da Energia? Nos autênticos passadouros de dinheiros públicos que são as listas de subvenções do Estado e de isenções fiscais a tudo o que é Fundações e Associações, algumas bem duvidosas?
Acham que tudo está bem nestes sectores? Ou será que alguns de vós beneficiam directa ou indirectamente com a velha maneira de fazer negócios em Portugal e não querem mudar de atitude?
Estará a vossa iniciativa relacionada com alguns cortes nas vossas generosas pensões?
Pois no meu caso eu já estou a pagar IRS a 45 por cento, mais uma sobretaxa de 3,5 por cento, mais 11 por cento de Segurança Social, o que eleva o meu contributo para 59,5 por cento nominais e não me estou a queixar.
Sabem, a minha reforma já foi mais cortada que a vossa. Quando comecei a trabalhar, tinha uma expectativa de receber a primeira pensão no valor de mais de 90 por cento do último salário. Agora tenho uma certeza: a minha primeira pensão vai ser de 55 por cento do último salário.
E não me estou a queixar, todos temos de contribuir.
Caros subscritores do Manifesto para a reestruturação da dívida pública, desculpem a franqueza: a vossa geração está errada. Não agravem ainda mais os problemas que deixaram para a geração seguinte. Façam um favor ao país – não criem mais problemas. Deixem os mais novos trabalhar.


domingo, dezembro 28, 2014

As prioridades de Sócrates!!!


É sempre curioso relembrar o que ia na cabeça do ex-primeiro ministro na altura de dizer ao país que se estava na pré-bancarrota e que se precisava pedir um enorme empréstimo de emergência... prioridades que definem toda uma personalidade!

Quantos empregos criou o Daniel Oliveira?


Li uma crónica do Daniel Oliveira onde o referido senhor mencionava que ele teria criado tantos postos de trabalho como o Balsemão ou qualquer outro empresário...
Ao ler os motivos que o levavam a afirmar não pude deixar de pensar que Daniel Oliveira é muito cheio de si mesmo e acha que tem muito mais importância para o mundo, e para o jornal onde trabalha, do que aquela que, na verdade, tem. Na verdade pareceu-me que Daniel Oliveira considera que, caso ele deixe de trabalhar para o Expresso, o mesmo perde boa parte dos leitores que possui porque, esses leitores, compram o expresso por sua causa.
O problema de argumentos como os do Sr. Oliveira é que não olham para o panorama global e sim para o seu umbigo e a sua vida pessoal e acham sempre que são pessoas muito importantes no panorama global. Não somos, nenhum de nós é. Se eu agora deixar de trabalhar para os meus clientes, que gostam muito do meu trabalho, nenhum deles entra em depressão e deixa de saber o que fazer, qualquer um deles, depressa, arranja substituto para fazer o mesmo que eu faço... O mesmo acontece com quase qualquer outra pessoa no mundo. Todas são substituíveis e, a maior parte de nós, com muita facilidade (poucas são difíceis de substituir).
Ora, na minha vida a minha filha é a pessoa mais importante do mundo. Não tenham dúvidas. Por ela morria e matava. Mas, no panorama global, a minha filha tem tanta importância como qualquer outra criança. Na escola dela há pessoas para quem ela tem mais importância e pessoas para quem não interessa nada. O mesmo se passa com todos nós. Eu sou uma das pessoas mais importante do mundo de quem me ama, mas muita gente não hesitaria em matar-me se isso salvasse a vida de outra pessoa "mais importante do mundo". Somos todos insignificantes no panorama geral, mas todos temos importâncias diferentes no panorama particular de algo. 
Voltando ao Expresso. O Daniel Oliveira há-de ser importante para alguns leitores e, por isso, terá sim alguma importância para o Expresso (ou já não estaria lá), mas não faria grande mossa no panorama geral do jornal se o Daniel Oliveira se despedisse. O jornal iria, com toda a certeza, continuar com o mesmo sucesso que até aqui e, provavelmente, seria muito fácil substituir o Daniel Oliveira por outro qualquer cronista com ideia semelhantes (o que não falta para aí é gente a escrever bem com ideias semelhantes às do Daniel Oliveira). 
Por isso quando o Daniel Oliveira afirma: "criei tantos postos de trabalho como qualquer trabalhador, consumidor ou empresário" deu-me vontade de rir... Não! não criou Daniel, não criou. Alguém criou uma empresa para onde o Daniel só teve de candidatar-se. Alguém lhe paga o ordenado porque gosta do resultado do que o Daniel faz e, enquanto assim continuar, o Daniel continuará a receber o ordenado. Mas acredite que o Balsemão não ia entrar em depressão se o Daniel se despedisse do Expresso e depressa arranjaria substituto. Sim, se o Daniel não se tivesse candidatado a essa empresa o Daniel não tinha o SEU posto de trabalho. Ponto final. Fora isso nada mais fez. Se o Daniel não fosse o cronista do "Antes pelo Contrário" outra crónica, com outro autor, surgiria no mesmo espaço que o Daniel ocupa (por isso continuaria a existir o mesmo número de postos de trabalho o que faz com que o Daniel não tenha criado nada para o panorama geral, apenas para a sua vida particular). Isso só não aconteceria se quem investiu, arriscou, pensou, idealizou e criou o Expresso não o tivesse feito... Isso não existiria se quem hoje investe no Expresso deixasse de o fazer. E sim, essa pessoa, para o "universo Expresso" é a mais importante, todas as outras são peões substituíveis. É isto que tem de ser entendido em vez de andarmos todos cheios de nós mesmos a acharmos que somos insubstituíveis e a exigir o que não pode ser dado porque, sem nós (em particular) não havia lucro... havia... não havia connosco, havia com outra pessoa qualquer que nos substituía.

sábado, dezembro 27, 2014

sandra curte pilas

Eu gostava de entender como é que alguém veio aqui parar ao desBlogueador de Conversa com a pesquisa "sandra curte pilas"... a sério?...

Se conseguirem entender a ligação, por favor, expliquem...


P.S.  - Fazendo a pesquisa cheguei lá... é o primeiro resultado na pesquisa do Google e vai parar a este post do Nelson Santos...

Conceitos de precariedade...



A propósito desta notícia:

Comércio Hipermercados: um em cada quatro trabalhadores é temporário


Precariedade?! 26% de trabalhadores COM CONTRATO temporário e acham que isso é precariedade?! os restantes pertencem aos quadros das empresas?! precariedade?! precariedade é estar anos a fio a recibo verde, sem direitos, só com deveres. A pagar mais do que todos os outros em impostos e contribuições e se ficar sem emprego ficar a chuchar no dedo porque nem a subsídio de desemprego tem direito. Isso sim é precariedade... sempre que tive contrato, mesmo que de seis meses, não me senti precária... senti-me precária quando trabalhei, para empresas, a ganhar o ordenado mínimo a recibos verdes e deixar logo mais de metade disso no Estado e no fim ficar a chuchar no dedo... isso sim é ser precário! Neste país ninguém pensa nos verdadeiros precários (e neste momento, apesar de continuar com recibos verdes sou uma "verdadeira recibos verdes" - sou-o por escolha. Sou para não me queixar do estupor do patrão, criei o meu emprego, porque queixar de quem o cria é muito fácil, criar é que não é para todos... seja como for, devíamos era andar preocupados com os "falsos" recibos verdes e não com malta que, apesar de tudo, tem contrato e alguma segurança).

Os Dois Países por Miguel Sousa Tavares



Caminhamos para um confronto civil entre dois países dentro da mesma nação: o país dos que apenas pagam os custos do Estado, na proporção dos seus rendimentos, e sem pouco ou nada esperar dele em troca, e o país dos que pagam (e, muitas vezes, não pagam) os custos, mas esperam tudo em troca. Não somos originais na existência des­tes dois mundos, o independente e o dependente, mas somo-lo na situação de confronto entre eles para que todos os dias caminhamos. Porque, entre uma di­reita liberal que odeia a própria noção de Estado e que, se pudesse, reduzia-o apenas às Forças Armadas e à política externa, e uma esquerda obtusa que acha que ainda vive no pós-guerra e no baby boom e para quem qualquer recuo do Estado é uma afronta ideológica, há, e fatalmente terá de haver, espaço para um compromisso mútuo. E esse compromisso terá de assentar em ideias, mas também em factos. Ao contrário do que os liberais gostam de imaginar, não existem mundos perfei­tos onde todos os que têm valor e se esfor­çam não precisam do Estado para nada: pelo contrário, o que existe, naturalmen­te, são condições de desigualdade estrutu­rais — que começam no berço, conti­nuam na escola e em casa e prolongam-se para a vida profissional. O Estado não pode, pois, demitir-se da sua função de correcção das injustiças pré-existentes e, não o conseguindo, acorrer aos que, sem ajuda e sem protecção, não têm o míni­mo de condições de dignidade de vida: é para isso que pagamos impostos. Mas se o Estado não pode abandonar os que na­da mais têm, também não pode, como gosta de imaginar alguma esquerda, acor­rer a todos, mesmo aos que, tendo-se ha­bituado a viver protegidos, não fazem ne­nhum esforço e não têm qualquer desejo de não precisar de ajuda. Não pode, por­que não tem meios para tal e cada vez vai ter menos. As circunstâncias demográfi­cas, a evolução da esperança de vida, a sofisticação crescente dos recursos médi­cos, a globalização da produção e dos mercados (que, convém recordar, reti­rou centenas de milhões de pessoas da miséria), faz com que os países do welfare state já não possam sustentar, intoca­do, o maravilhoso catálogo de direitos so­ciais que a todos era garantido, quando eu, por exemplo, entrei no mercado de trabalho. Hoje sei, todos sabemos, que a geração de reformados que agora protes­ta contra os cortes nas suas pensões tem muito melhores condições de reforma do que o que eu irei ter e seguramente mui­tíssimo melhores do que aquelas que irão ter os meus filhos — se ainda houver di­nheiro para lhes pagar qualquer pensão. Nos primeiros dez anos deste século, a percentagem do PIB que Portugal gasta a pagar as pensões de reforma quase du­plicou, passando de 9,5% para 18%, e a relação entre trabalhadores activos, con­tribuintes do sistema, e beneficiários, que há uns vinte anos era de 3 para 1, hoje é de 1,4 para 1. Estamos perante uma pro­gressão aritmética (as receitas do Esta­do) a concorrer com uma progressão geo­métrica (as despesas sociais do Estado). E, que eu me lembre da matemática, ja­mais a primeira conseguirá alcançar a se­gunda. Isto não são ideias, são factos, e é sobre os factos que se deve raciocinar. 
Mas há uma cultura instalada de depen­dência do Estado que não autoriza, se­quer, que se raciocine. Vem de muito lon­ge, mas foi cimentada com o salazaris­mo, o gonçalvismo e o Portugal dos di­nheiros europeus. Volto a dizer que subs­crevo quase todas as críticas à política de combate à crise das dívidas soberanas que são feitas à troika, à UE e à Alema­nha, e que conseguiram juntar a uma cri­se financeira dos Estados uma crise eco­nómica das nações. Mas, independente­mente das razões de queixas externas que temos, nada — a não ser a demago­gia dos políticos, sufragada pelo comodis­mo dos eleitores — nos pode dispensar de olhar para as responsabilidades próprias na tragédia que nos aconteceu e que só irá piorar, se insistirmos em meter a cabe­ça na areia e repetir até à náusea que a culpa é "deles" (essa entidade semiabstracta que deveria ser capaz de fazer nas­cer petróleo nas Berlengas e euros na de­funta Casa da Moeda, onde antes nas­ciam escudos).
Olhar para as responsabilidades pró­prias significa, hoje e nesta conjuntura, encontrar um compromisso para um Es­tado, que assegure o essencial a todos e mais do que isso apenas a uma minoria. Fazendo-o com os meios razoáveis ao seu dispor e não à custa da ruína do país. Isso passa por reformar o Estado, reduzi-lo na sua dimensão e funções? Com certeza que sim, mas antes um Es­tado diminuído do que um país falido. E passa por rever a Constituição? Com cer­teza que sim, mas antes uma Constitui­ção revista e menos populista do que um país de desempregados e emigrados, no pleno gozo de todos os direitos constitu­cionais imagináveis.
Olho, por exemplo, para os mais recen­tes focos de contestação sócio-profissional, e constato que todos os sectores ac­tivos estão ligados ao Estado: os trans­portes públicos — o cancro financeiro das contas públicas e a tropa de choque da CGTP, sempre disponíveis para as greves e para a luta pela manutenção de alguns privilégios impensáveis no sec­tor privado; os professores a mando da Fenprof, que já ninguém se incomoda sequer em saber o que os incomoda, porque tudo os incomoda; os magistra­dos e a PJ (que, com um carro por cada dois agentes e uma sede sumptuosa à beira da inauguração, protestam contra as "condições de trabalho"); as Forças Armadas, que acham pouco 5000 pro­moções num ano e num país onde há anos ninguém mais é promovido e que continuam a sua luta para nos conven­cer de que uma apendicite de um mari­nheiro não pode ser tratada no mesmo hospital que a apendicite de um artilhei­ro ou de um mecânico de aviões, e que acabam de fazer a escandalosa desco­berta de que têm de esperar por uma consulta, como se fossem utentes do SNS. A todos eles apetece repetir a céle­bre frase de Vítor Gaspar: "Não há di­nheiro. Qual destas três palavras é que não perceberam?".
Mas, entre os milhares de empresas que foram à falência desde que a crise co­meçou, não há uma só empresa ou servi­ço público. Não há um funcionário do Es­tado despedido entre os mais de 600.000 portugueses desempregados. E, entre os 100.000 que se estima que terão emigrado este ano, não há um servi­dor do Estado que o tenha feito depois de perder o emprego. No Estado, nada se extingue, nenhum trabalhador efectivo é dispensado, não há lay-off, as horas ex­traordinárias são sempre pagas e as redu­ções salariais têm de passar pelo Tribu­nal Constitucional. Não sou, como acima disse, um adversário ideológico do Esta­do e, menos ainda, penso que os trabalha­dores do Estado sejam piores do que os outros: pelo contrário, nada me provou até hoje a verdade dessa crença. Mas não há maior mentira acerca desta crise do que dizer que são os trabalhadores do Es­tado que têm pago o grosso da factura. E até seria natural que assim fosse, pois quem faliu e quem necessita de reduzir despesa é o Estado e não a economia. Mas quem tal diz, ignora por completo o que sejam os inúmeros dramas que suce­dem "cá fora" e a ginástica que tantos fa­zem para sobreviver todos os dias, sem qualquer tribunal que os proteja e sem voz que chegue à imprensa. Tomara uma pequena parte que fosse dos quase qua­tro milhões de trabalhadores do sector privado deste país poder arriscar uma greve "por melhores condições de traba­lho"! Onde isso já vai!
Ou nós controlamos o "monstro" de uma vez por todas ou ele nos arrasta a todos para o fundo. Quem diz o contrá­rio, mente. E foi essa mentira continua­da que nos trouxe até aqui.

Artigo publicado no Expresso a 9/11/2013 (http://expresso.sapo.pt/os-dois-paises=f840039
 
)

O "nosso" menino de ouro!

O outro advogado diz que ele tem feito o seu jogging e que parece estar num spa, este diz que tem uma resistência olímpica. E já tinha voo marcado para o Brasil... cheira-me a medalha de ouro nos próximos Jogos Olímpicos!


sexta-feira, dezembro 26, 2014

O Estado Social e os pobres como reféns

A função pública faz greve para exigir a manutenção dos direitos que "adquiriu" em tempos de ressaca de ditadura e de vacas gordas (com dinheiro alheio, mas gordas), tendo assim o país refém das suas exigências. Os pais, os pobres, reféns da sua vontade de ter ou não escola para os filhos. Os doentes, os pobres, reféns da sua vontade de lhes oferecer ou não cuidados de saúde. Os trabalhadores, os pobres, reféns da sua vontade de os transportar ou não. E tem-nos a todos reféns das suas vontades porque todos temos de as pagar, quer queiramos quer não. Só eles podem querer ou não. Nós "pagamos e calamos", somos obrigados a isso ou retiram-nos o que é nosso pela força. 

A função pública e o Estado Social têm os pobres como reféns (os ricos têm sempre escolha). O Estado Social e quem o defende, têm como bandeira os pobres, a moral. Apontam dedos aos outros. Gritam palavras de ordem e assustam os pobres com fantasmas de fascismos, e os pobres nem se percebem que são os maiores reféns das suas vontades. 

Quando querem impedir a existência de coisas como o cheque-ensino (que dá liberdade aos pobres, tal como os ricos já têm), o desejo é manter os pobres reféns das suas vontades. Como podem depois os professores fazer greve se os pobres escolherem escolas privadas para colocar os filhos? que efeito terão essas greves? Quando se opõem a uma extensão da ADSE para todos, permitindo aos pobres o acesso a clínicas privadas (tal como os ricos têm), desejam apenas manter os pobres reféns das suas vontades. Como podem depois fazer greves se os pobres tiverem outra saúde que não a pública à qual recorrer? Quando querem impedir a concessão das empresas de transportes públicos a empresas privadas, ou a privatização das mesmas, o que desejam é manter os pobres seus reféns. Que efeito teria a greve em transportes públicos se os pobres tiverem opções privadas por preço semelhante? 

O Estado Social não é moralmente justo. O Estado Social com o discurso mentiroso de ajuda aos mais necessitados (mentiroso porque a saúde e educação são gratuitas para todos e não apenas para os mais necessitados), mantém os pobres reféns das suas vontades, dá benefícios a classes que enriquecem à conta desses pobres e a outras que beneficiam de gratuitidades que não precisam. 

Mas os pobres continuam a cair na cantiga e a pagar a factura, dos maus serviços, ao final do mês. Eles agradecem.

quinta-feira, dezembro 25, 2014

Mário Soares “esqueceu-se” que foi ele que recomendou a Sócrates o pedido de ajuda externa



"Infelizmente, um dos principais responsáveis da história portuguesa recente, tem revelado algum esquecimento e incoerência com o que defendeu e fez anteriormente.

Na entrevista que Mário Soares deu sobre a ajuda externa a Portugal, sugerindo que o PS rompesse o memorando de entendimento, contraria inequivocamente com a sua decisão de governar durante dois anos com apoio do FMI.
 Mário Soares foi dos primeiros, senão o primeiro a saber o que é governar em circunstâncias como as actuais - em resgate financeiro - e sabe melhor do que ninguém que reformar Portugal nos dias de hoje, não se coaduna com tacticismos partidários, porque o interesse nacional assim o exige.
 Mesmo que o PS um dia, e esperemos que não, por uma questão de responsabilidade e compromisso, descole do resgate financeiro que pediu depois de seis anos de governação, há nódoas que, aparentemente no melhor pano, nunca descolam.
 Se o Dr. Soares se esqueceu, os portugueses jamais se esquecerão: foram seis anos de má governação socialista, de tácticas ilusórias e irresponsáveis que conduziram Portugal a esta grave situação.
 Para além de estranho, é preocupante e incoerente, que seja o Primeiro Ministro que negociou a entrada de Portugal na CEE a instigar ao incumprimento perante esta e as outras instituições que apoiaram Portugal numa altura difícil.
 Após uma década de governação socialista que levou o país à bancarrota, com os aplausos de Mário Soares, a solidariedade destas instituições internacionais salvou os salários dos funcionários públicos e a solvência do país. 
Mário Soares que, como bom governante à moda socialista, tem uma grande experiência em levar o país à bancarrota e à necessidade de ajuda externa, devia deixar as tristes memórias do tempo em que governou em paz e deixar para o PSD, mais uma vez, a tarefa difícil de reerguer o país dos desvarios socialistas. Note-se a determinada passagem da entrevista tem o desplante de dizer que “nesta altura também não convinha nada ao PS ir para o Governo”, nem para o PS mas muito menos para Portugal.
De referir que Mário Soares, quando pediu ajuda externa, o PSD foi sempre solidário. Agora foi o PS que pediu ajuda, negociou o Acordo e é o PSD que o está a cumprir. António José Seguro tem aqui a oportunidade de separar o trigo do joio e demonstrar se é um Estadista ou apenas mais um líder do PS."






 

quarta-feira, dezembro 24, 2014

"Que se lixe a corrupção, quero uma justiça que funcione!"



"Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão". Já dizia o antigo ditado. Todos gritam no país, todos sentem as consequências de anos e anos a vivermos acima das nossas possibilidades. "Ah! mas eu nunca vivi acima das minhas possibilidades!"... lamento, mas viveu. Vivemos todos. Num Estado paizinho, e que aparentemente queremos que assim continue (ainda não aprendemos), o que o pai faz afecta os filhos. Dou outro exemplo mais simples de entender: se o meu vizinho pedir um grande montante emprestado e a seguir, com esse dinheiro, fizer obras em casa, comprar carro novo e contratar-me para ser sua cozinheira e, se, de repente, o vizinho deixar de ter quem lhe empreste, vai ter continuar a pagar as obras, porque já estão feitas, pode entregar o carro e eu tenho de perder o meu emprego de cozinheira porque o meu vizinho deixou de ter como me pagar e eu estava directamente dependente do que ele fazia. Tenho culpa? Posso não ter, mas teria consciência que aquilo era um emprego de mentira, dado por alguém que fingia ter um dinheiro que não tinha. Logo deveria estar preparada para essa eventualidade ou deveria ter ido trabalhar para quem tinha dinheiro a sério.
Agora não temos dinheiro e temos de ter consciência de uma série de coisas. Se mal temos para comprar o "pão", que é o essencial, como podemos continuar a exigir mais para além disso?
Quando leio coisas como a afirmada por Henrique Monteiro "o mundo é mais do que a Economia. A mera racionalidade económica, se não for compensada por aspetos como caridade/solidariedade; amizade/companheirismo/amor; coesão/camaradagem/vizinhança entre muitas outras categorias não económicas (ocorre-me também a boa educação), é inútil." penso, quanto à boa educação, à amizade, companheirismo, amor, nada contra, também porque nada se paga por isso, mas será possível praticarmos a caridade se dela estivermos a necessitar? E a amizade mata a fome?... Estas palavras de Henrique Monteiro e são uma resposta por Camilo Lourenço ter afirmado que os cursos de história não têm utilidade para a economia. Eu concordo com Camilo Lourenço: Como podemos pagar cursos para pessoas ficarem desempregadas quando não temos "pão"? A educação é um investimento que o país faz, já nem referindo que só pode investir quem tem dinheiro para isso, pergunto: que investimento está a representar a maioria dos cursos de humanidades actualmente pagos? estamos a investir em quê? desemprego? Se é para pagar que seja para algo que nos faça ter o tal pão que agora falta.
Já sei que se vão levantar contra mim, contra a minha insensibilidade porque as humanidades são importantes. Nem eu disse que não eram, apenas que, neste momento, não precisamos de mais licenciados nessa área, e neste momento devíamos aprender a restringir-nos ao essencial. Se queremos tirar cursos que têm como fim o desemprego, devemos pagá-los do nosso bolso. 
Todos concordamos que o maior problema do país é a corrupção, o clientelismo e, no entanto, o mote da manifestação é "que se lixe a troika, quero a minha vida de volta" e não "Que se lixe a corrupção, quero uma justiça que funcione!". Era isto que se devia estar a exigir e no entanto o que vemos são palavras de ordem contra o governo e pedidos para que quem nos empresta o dinheiro para contratarmos a "cozinheira" deixe de meter-se na nossa vida.
Cantar a grândola não mata a fome. Fazer manifestações não resolve  os problemas do país. Se o país gasta mais do que o que ganha, ou passa a ganhar mais, e aí temos de ir trabalhar e não manifestar, ou passa a gastar menos e aí vai ter de despedir a "cozinheira" que contratou com dinheiro que não era dele. Somos um povo que não sabe exigir o que, realmente, é essencial.

(texto publicado em Março de 2013 no facebook)

terça-feira, dezembro 23, 2014

Comissão Europeia ataca aumento do salário mínimo em Portugal

"A Comissão Europeia (CE) alerta que o aumento do salário mínimo (SMN) para 505 euros, em vigor desde 1 de Outubro, poderá abrandar o ritmo de redução do desemprego e dificultar a entrada dos mais vulneráveis no mercado de trabalho."

A malta "politicamente correcta" e que gosta de chamar a si os pobrezinhos e usar palavreado como "justiça social", chamará "faxistas" ao pessoal da CE... Quem saiba fazer contas, quem saiba como funciona um negócio, entende a verdade do que está a ser dito.
É um facto que os salários em Portugal são baixos, mas também é um facto que são mais elevados do que a produção... Ora não se pode pagar sem produzir (a não ser recorrendo a crédito que leva onde já chegámos). É óbvio que os mais vulneráveis (aqueles cujo trabalho não vale os 505 euros) não vão arranjar trabalho. É óbvio que vão haver empresas em dificuldades para suportar os aumentos e, provavelmente, muitas irão dispensar funcionários para poderem continuar em funcionamento... Mas é claro que todos nós gostávamos de pensar que era possível que o ordenado mínimo fosse 505 euros sem problemas... e, já agora, por que não 5000 euros de ordenado mínimo? O que impede que isso aconteça? (talvez o mesmo que prejudica a economia aos 505).

Mas, como mencionei anteriormente. Fácil fácil é ser de esquerda porque é só dizer: "fascistas! no Luxemburgo pagam mais que isso e ninguém diz nada, hipócritas!"; ou "Fascistas! eles é que haviam de viver com 505 euros para verem se é muito"; ou então revoltarem-se contra autores de textos como o meu dizendo: "falas de barriga cheia, sua fascista de merda"...

Fácil, fácil manter o discurso de esquerda porque é impossível para alguém desmentir que um ordenado de 505 euros é uma miséria, porque é... entender que mesmo essa miséria é difícil de pagar, vai prejudicar os mais vulneráveis, vai traduzir-se num aumento de desemprego, com a economia actual é que é mais complicado de entender e aceitar.

"Tadinhos dos Pobrezinhos"

Discursos de Esquerda no Facebook 



É tão fácil ser de esquerda, caramba! tão fácil!...

Metem-se umas fotos dos Sem Abrigo em Lisboa (ou num qualquer túnel de Madrid) e afirma-se "ah 'tadinhos dos pobrezinhos, ninguém pensa nos pobrezinhos". Falam muito dos pobrezinhos, e gritam contra os "capitalistas", sentadinhos em frente ao seu computador HP, com ligação à internet, na rede social do capitalista Mark Zuckerberg.

Resolver o problema económico do país que permitiria a LONGO PRAZO acabar com os pobrezinhos, está quieto porque isso implica que AGORA seremos mais pobres, porque isso implica sofrermos no nosso bolso e como não queremos sofrer no nosso bolso, que se lixem os pobrezinhos, atiram-se umas bocas sobre os pobrezinhos e os sem abrigo porque a esquerda é a dona da moral e a direita só fala de problemas económicos e, como tal, não pensa nos pobrezinhos... A esquerda é que quer resolver o problema dos pobrezinhos...

Tão fácil... tão, tão fácil...

 Se alguém tiver o descaramento de responder e apontar factos, mandam-se umas bocas que metam as palavras "submarinos","ladrões", "capitalistas", "corruptos", "o Passos é um mentiroso" e pronto, ficam os outros sem argumentos porque a esquerda parte do princípio que a direita não quer resolver os problemas da corrupção, sejam de esquerda ou da direita (aliás ficam danados se alguém afirmar que sim, que se investiguem os submarinos)... enquanto isso vão tentando esconder toda e qualquer corrupção de esquerda e desculpar o santo senhor Sócrates...

 (eu bem digo que já não tenho pachorra para a estupidez que leio no facebook)...
Cuidado ao partirem ovos... ;)

"Memory triggers"


Quando era pequena morei numa base militar. A base tinha uma porta de armas. Inicialmente entrava-se e saía-se pelo menos lado da Porta de armas ficando a mesma do lado direito de quem entra. Sempre que entrávamos o Oficial de Dia abria a cancela para passarmos e, ao passarmos o Oficial de Dia e o meu pai batiam continência um ao outro. Aquele gesto fascinava-me. A seriedade, a delicadeza e o respeito com que era feito era algo para além de um simples bater na testa com a mão.

Deixei de morar na base há muitos muitos anos e essa memória acabou fechada numa qualquer gaveta, daquelas que existem no nosso cérebro.

A minha filha frequenta uma escola de Campus Fechado. A portaria fica do lado direito de quem entra e tem o feitio da porta de armas da "minha" Base. Sempre que entro o porteiro abre-me o portão e eu quase tenho a tentação de lhe bater continência. Acabo por acenar-lhe e dar-lhe os bons dias e ele, seriamente e com respeito retribui o cumprimento. Sempre que entro na escola da minha filha recordo, um bocadinho, a minha infância e isso é muito bom.

segunda-feira, dezembro 22, 2014

A desistência da Língua


Por Inês Pedrosa: 


Numa das últimas vezes em que escrevi um artigo contra o chamado Acordo Ortográfico, um amigo aconselhou-me a abandonar o assunto porque, estando já prestes a entrar em vigor no Brasil, seria inútil contestá-lo. Acrescentou que a não-adesão criaria problemas económicos a Portugal.

Este modelo argumentativo diz muito sobre o tempo em que vivemos: os espertos são os que seguem o rebanho e desistem de pensar pela própria cabeça, para não levantar ondas. Em caso de resistência, apela-se ao incontestável Deus da Economia, que suspende qualquer explicação.

Sucede que aquilo a que se convencionou chamar Acordo Ortográfico é uma fraude, porque:

a) Não estabelece nenhum acordo (a palavra recepção continuará a escrever-se com 'p' no Brasil e perde o 'p' em Portugal, porque o fundamento da ortografia passa a ser a pronúncia - e ainda por cima o texto refere a “pronúncia culta”, o que agrava o patético do tema);

b) Confunde os utilizadores, dado que a etimologia das palavras, que esclarecia as dúvidas, deixa de se aplicar. Sintoma de uma época que despreza a memória e vive em esquecimento acelerado, este 'acordo' ignora voluntariamente a história e o trajecto da Língua. É mais um passo no caminho do desprezo pela riqueza e pela força da Língua Portuguesa.

Em L'identité malhereuse, o ensaísta francês Alain Finkielkraut reflecte, entre outras coisas, sobre a justificação da ministra do Ensino Superior francês para criar, em 2013, cursos em inglês.
Dizia ela: “Se não autorizarmos cursos em inglês, não atrairemos estudantes dos países emergentes, como a Coreia do Sul ou a Índia”.
Conclui Finkielkraut: “Reina portanto o funcionalismo, que conduz à uniformidade. Assim que o verbo esteja reduzido a veículo, a meio de informação e de comunicação, toda a gente virá buscar o mais confortável (…). Para o novo regime semântico, a forma não conta para nada, só o sentido faz sentido” (tradução minha, porque infelizmente Portugal traduz cada vez menos livros de ensaio, e menos ainda de pensadores contra-corrente, como é o caso deste).
O fascínio supostamente economicista pela língua inglesa está também em franco crescimento nas universidades portuguesas, que julgam ser esse o caminho da internacionalização, do cosmopolitismo, do dinheiro e da glória.
Basta olhar para o desaparecimento veloz da língua e da cultura francesas em Portugal para perceber o resultado desastroso dessa cedência à Língua Imperial (o inglês).

A anulação de uma língua representa a desistência da cultura que ela veicula - não só o apagamento exterior da sua literatura (o que já não é pouco, porque a língua portuguesa sempre se distinguiu pela sua produção literária), como do cinema, do teatro e da música.

Em vez de cuidar do reforço do ensino da Língua no mundo, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa tem passado as últimas décadas entretida com um acordo impossível.

Devia olhar para os ingleses e americanos, ou para os espanhóis e para a América hispânica, e meditar sobre como conseguiram eles que as suas duas línguas dominassem o mundo. Não foi com protocolos burocráticos sobre minhoquices ortográficas. Dedicaram-se, pelo contrário, a investir no que interessa e rende: a universalização da Língua.

Artigo publicado no SOL (carregar aqui, ou no título, para aceder ao link original) 
foto de Sara Jofre

Se entro em tua casa não digo como te deves comportar


No nosso país as tradições cristãs há muito deixaram de ser o que eram e perderam-se.
Quando eu era pequena a minha mãe levava-me À missa todos os Domingos (às vezes Sábados à tarde) e tentava explicar-me o que era a religião. Quando eu era criança a religião, aos meus olhos, era respeitada. Na igreja estávamos calados e vestidos adequadamente. Ninguém entrava numa igreja de mini-saia, calções ou de top de alças. Eram regras aceites naturalmente. As pessoas vestiam-se para ir à missa. Lembro-me que ao Domingo vestia sempre as melhores roupas para ir à missa. Se pensar bem era até ridículo porque a religião apela à modéstia, mas a verdade é que as pessoas se vestiam bem para ir à casa de Deus.
À medida que o tempo foi passando por mim apercebi-me da hipocrisia que havia na missa e nas pessoas que se diziam praticantes e afastei-me da religião. Nunca deixei de a respeitar, mas afastei-me. 
Hoje noto que, no nosso país, a religião é algo completamente secundário e ridicularizado. As igrejas estão mais tempo de portas fechadas do que abertas e poucas são as pessoas que vão à missa. Entra-se em igrejas com interesse turístico e não há regras de como entrar lá, de como se comportar lá, ou, se as há, ninguém as impõe e ninguém as segue... um pouco como tudo, afinal, neste país no que ao respeito e regras diz respeito.

Este ano estive em Itália. Já lá tinha estado há dois anos por isso sabia como as coisas eram e por isso andava sempre preparada com um lenço (que alguns pouco fieis à língua chamam écharpe) atrás. Em Itália, em quase todas as igrejas e em especial nas de interesse turístico, existem regras. Regras rígidas. Ninguém entra com os ombros à mostra. Ninguém entra com as coxas à mostra... e é basicamente isso. Nalgumas não se tiram fotos ou vídeos e em todas existem espaços reservados À oração, para que se respeite aquilo para que as igrejas, de facto, servem.

Todo este post para comentar sobre alguns portugueses que vi à porta da Basílica de S. Pedro, no Vaticano, Sede da Igreja Católica Apostólica Romana. Antes de nós entrarmos um grupo de jovens portugueses tentavam entrar. As raparigas de tops e mini-saias, os rapazes de calções. Os seguranças impediram a entrada. Ao que os oiço dizer, alto e bom som "Mas porquê?!? SÓ PORQUE É UMA IGREJA?!?! que estupidez!". Não, meus amigos, porque essas são as regras! se forem a um restaurante com regras de indumentária também não vos deixam lá comer se não as cumprirem. Se forem a um evento com regras de indumentária e não as respeitarem, também correm o risco de serem mandados embora. Porque essas são as regras e, antes de irem aos locais preparam-se para isso, informam-se. Aquela é, para os crentes, a casa de Deus, para os não crentes o local onde vive o Papa que impõe regras para lá entrarem. Não nos cabe a nós refilar por causa  das regras porque, na casa dos outros, mesmo que elas não nos agradem ou as consideremos ultrapassadas, são para respeitar. A porta está aberta, se queremos entrar, cumprimos, se não cumprimos, não entramos. Tão simples quanto isso. Na vossa casa mandam vocês, na minha mando eu, na deles mandam ele... Regras.

(publicado em 2011 no facebook)

domingo, dezembro 21, 2014

Um pouco de magia natalícia!

https://lh5.googleusercontent.com/-PAxu1c2IGkA/VJTL2PIMNWI/AAAAAAAC8mQ/5yifs5YefUo/s346=w367-h207-p-no

The Cristiano Ronaldo show

E ainda há malta que diz que o moço perdeu a capacidade de fintar? Que grande revienga no francês... 







"No meu tempo"...



Não entendo as pessoas que dizem "no meu tempo" era assim ou assado. E agora? o tempo deixou de ser delas? deixaram de viver? O tempo delas acabou? Não, ele não acabou. Ele continua, diferente, mas continua. 
Noutro dia dizia-me uma amiga de 60 anos: "a coca-cola é do meu tempo". E continua a ser do tempo dela e do meu e vai ser do da minha filha. Pelo menos é o que eu penso. Considero que "o tempo" das pessoas só acaba quando elas morrem, por isso não concordo com a expressão "no meu tempo". Se disserem coisas como "quando eu era criança" ou "quando andava na escola ou na faculdade" ou de qualquer coisa, tudo bem. Fala-se de um tempo específico que era diferente do tempo de hoje. Mas "o meu tempo" pressupõe que a pessoa deixou de o ter. Deixou de pertencer a este tempo. Isso não é estarem a matar-se antes de morrer? Não é uma recusa de se actualizarem porque "este tempo" já não é deles e como tal não têm de o entender porque "o tempo deles" era diferente? Não é uma desculpa para justificarem a sua recusa de actualização? Não quero ter desculpas. Quero que o tempo seja sempre meu. Manter-me actualizada e viver o tempo actual, concordando ou não, mas vivendo. 
O "meu tempo" vai ser meu enquanto eu viver porque "só se vive uma vez".