domingo, dezembro 27, 2015

Incomoda-me o silêncio

Não me incomoda que o futuro da humanidade seja que na Europa deixemos de ser maioritariamente brancos e passemos a ser um misto de branco, negro e oriental. Não me incomoda que o futuro da humanidade seja termos cidadãos originários de todos os cantos do mundo em todos os cantos do mundo. Incomoda-me que, no nosso medo de sermos considerados racistas, ofereçamos a cidadãos de outros cantos do mundo privilégios, criando uma sociedade onde uns são privilegiados e protegidos e os outros pagam os privilégios e a protecção dos primeiros, sofrendo agressões dia-a-dia. Não me incomoda que na gestão pública e privada estejam mulheres brancas ou negras ou orientais ou com deficiencia. Incomoda-me que elas não sejam competentes para o cargo que têm e só lá cheguem por serem mulheres, ou negras, ou orientais ou deficientes, e incomoda-me que não se possa protestar porque esse protesto é considerado "crime de ódio". Não me incomoda o racista, incomoda-me as acções do racista. Não me incomoda o islâmico, incomoda-me a lei islâmica e a imposição da mesma. Não me incomodam as orações, incomodam-me as agressões a outros seres humanos e a perda de liberdade em nome da tolerância. Não me incomodam as crenças, incomodam-me as imposições das crenças, especialmente se as mesmas nos privarem das nossas liberdades de escolha, de expressão e de vida. Não me incomoda a liberdade religiosa, incomoda-me que, em nome da mesma, se permita a opressão de um grupo porque, naquela religião é normal aquele grupo ser oprimido. Incomoda-me o silêncio e a apatia perante a dor alheia e o perigo crescente.

Obrigada Elodie!

O David Duarte morreu. Tinha 29 anos e morreu à espera que o viessem operar. Foi transferido de urgência porque o seu estado não podia esperar, mas esperou. Esperou até morrer. O David Duarte morreu porque os médicos não vieram.

As culpas e as acusações somam e seguem. São os médicos que não pensam nos doentes e que deviam ir, mesmo que fosse de graça. Porque, aparentemente os médicos têm de ser escravos. É o anterior ministro que fez cortes cegos. É a administração do hospital que não soube orientar-se a favor dos doentes, mesmo dentro dos cortes cegos. Entretanto, devido a este caso, três administradores despediram-se.

Antes da morte do David Duarte outras 4 pessoas morreram nas mesmas condições. Antes do David Duarte o país não soube de nada. Mas os administradores souberam. Aqueles que agora se despediram, permaneceram nos seus empregos durante 4 outros casos iguais. Despediram-se apenas agora, porque agora se soube. E soube-se porque umaa jovem de 25 anos, a Elodie Almeida, namorada do David Duarte, na sua dor, escreveu. Escreveu e a sua carta tocou o coração de algum jornalista, que a divulgou e tocou todos nós. Elodie Almeida é o nome mais importante neste caso. Poucos a mencionam após a divulgação da carta, mas, graças a ela, o Hospital de S. José voltou a ter urgências de neurocirurgia ao fim-de-semana. Graças a ela mais nenhum "David" terá de esperar até morrer.

sexta-feira, dezembro 18, 2015

No fundo Malala diz: "Não digam mal do Islamismo ou vão zangar os muçulmanos e criar terroristas"

Concordo com a Malala. Percebemos, no entanto, que ao mesmo tempo que ela afirma que não se pode culpar toda a população muçulmana pelo terrorismo, que, de facto, não tem culpa e nem todos são terroristas, assume que existe uma grande tendência da mesma para se radicalizar. Porque quando um Cristão ataca, como acontece de vez em quando, os restantes, por muito que alguém grite que a culpa foi do cristianismo, não se vão radicalizar. Quantos de nós temos medo da radicalização dos Cristãos? Quantos de nós temos de tratar os cristãos com "pezinhos de lã" para não corrermos o risco de eles se zangarem e desatarem aos tiros? Quantos de nós temos medo do "terrorismo Judeu"? E, sabendo que os Judeus muito têm sido perseguidos, não deveríamos estar todos, pela lógica apontada pela Malala, a tremer de medo da radicalização? Mas quantos de nós temos medo da radicalização dos Judeus ou dos Cristãos? Agora pensem nos muçulmanos. Quantos de nós têm coragem de ir a uma mesquita falar de terrorismo e do problema que a ideologia que eles defendem representa na radicalização? Quantos de nós têm coragem de afirmar que é na essência do islamismo que se encontra o problema? As palavras da Malala mostram bem onde está o problema. No fundo o que a Malala afirma é: "Por favor não digam mal do islamismo porque, se o fazem, vão zangar ainda mais muçulmanos e vão surgir ainda mais terroristas". Eu concordo com isto, acho que existe esse perigo. Mas o que fazemos? Já se tentou ignorar o problema, não foi corrigido e foi piorando. Já se tentou sensibilizar e chamar ao Islão "a religião da paz", mostrando uma tolerância que eles nunca tiveram. Não resolveu o problema, pelo contrário, levou a que fosse mais fácil aos muçulmanos recrutar jovens que viram o Islão como uma coisa positiva, criando mais possíveis terroristas. A Malala até pode ter razão ao afirmar que se o Trump expulsar os muçulmanos vai piorar a situação (não sabemos se tem, isso nunca foi experimentado), mas o que nem a Malala, nem ninguém, consegue afirmar é: qual é a solução, o que é que funciona?