A função pública faz greve para exigir a manutenção dos direitos que "adquiriu" em tempos de ressaca de ditadura e de vacas gordas (com dinheiro alheio, mas gordas), tendo assim o país refém das suas exigências. Os pais, os pobres, reféns da sua vontade de ter ou não escola para os filhos. Os doentes, os pobres, reféns da sua vontade de lhes oferecer ou não cuidados de saúde. Os trabalhadores, os pobres, reféns da sua vontade de os transportar ou não. E tem-nos a todos reféns das suas vontades porque todos temos de as pagar, quer queiramos quer não. Só eles podem querer ou não. Nós "pagamos e calamos", somos obrigados a isso ou retiram-nos o que é nosso pela força.
A função pública e o Estado Social têm os pobres como reféns (os ricos têm sempre escolha). O Estado Social e quem o defende, têm como bandeira os pobres, a moral. Apontam dedos aos outros. Gritam palavras de ordem e assustam os pobres com fantasmas de fascismos, e os pobres nem se percebem que são os maiores reféns das suas vontades.
Quando querem impedir a existência de coisas como o cheque-ensino (que dá liberdade aos pobres, tal como os ricos já têm), o desejo é manter os pobres reféns das suas vontades. Como podem depois os professores fazer greve se os pobres escolherem escolas privadas para colocar os filhos? que efeito terão essas greves? Quando se opõem a uma extensão da ADSE para todos, permitindo aos pobres o acesso a clínicas privadas (tal como os ricos têm), desejam apenas manter os pobres reféns das suas vontades. Como podem depois fazer greves se os pobres tiverem outra saúde que não a pública à qual recorrer? Quando querem impedir a concessão das empresas de transportes públicos a empresas privadas, ou a privatização das mesmas, o que desejam é manter os pobres seus reféns. Que efeito teria a greve em transportes públicos se os pobres tiverem opções privadas por preço semelhante?
O Estado Social não é moralmente justo. O Estado Social com o discurso mentiroso de ajuda aos mais necessitados (mentiroso porque a saúde e educação são gratuitas para todos e não apenas para os mais necessitados), mantém os pobres reféns das suas vontades, dá benefícios a classes que enriquecem à conta desses pobres e a outras que beneficiam de gratuitidades que não precisam.
Mas os pobres continuam a cair na cantiga e a pagar a factura, dos maus serviços, ao final do mês. Eles agradecem.
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