segunda-feira, dezembro 22, 2014

foto de Sara Jofre

Se entro em tua casa não digo como te deves comportar


No nosso país as tradições cristãs há muito deixaram de ser o que eram e perderam-se.
Quando eu era pequena a minha mãe levava-me À missa todos os Domingos (às vezes Sábados à tarde) e tentava explicar-me o que era a religião. Quando eu era criança a religião, aos meus olhos, era respeitada. Na igreja estávamos calados e vestidos adequadamente. Ninguém entrava numa igreja de mini-saia, calções ou de top de alças. Eram regras aceites naturalmente. As pessoas vestiam-se para ir à missa. Lembro-me que ao Domingo vestia sempre as melhores roupas para ir à missa. Se pensar bem era até ridículo porque a religião apela à modéstia, mas a verdade é que as pessoas se vestiam bem para ir à casa de Deus.
À medida que o tempo foi passando por mim apercebi-me da hipocrisia que havia na missa e nas pessoas que se diziam praticantes e afastei-me da religião. Nunca deixei de a respeitar, mas afastei-me. 
Hoje noto que, no nosso país, a religião é algo completamente secundário e ridicularizado. As igrejas estão mais tempo de portas fechadas do que abertas e poucas são as pessoas que vão à missa. Entra-se em igrejas com interesse turístico e não há regras de como entrar lá, de como se comportar lá, ou, se as há, ninguém as impõe e ninguém as segue... um pouco como tudo, afinal, neste país no que ao respeito e regras diz respeito.

Este ano estive em Itália. Já lá tinha estado há dois anos por isso sabia como as coisas eram e por isso andava sempre preparada com um lenço (que alguns pouco fieis à língua chamam écharpe) atrás. Em Itália, em quase todas as igrejas e em especial nas de interesse turístico, existem regras. Regras rígidas. Ninguém entra com os ombros à mostra. Ninguém entra com as coxas à mostra... e é basicamente isso. Nalgumas não se tiram fotos ou vídeos e em todas existem espaços reservados À oração, para que se respeite aquilo para que as igrejas, de facto, servem.

Todo este post para comentar sobre alguns portugueses que vi à porta da Basílica de S. Pedro, no Vaticano, Sede da Igreja Católica Apostólica Romana. Antes de nós entrarmos um grupo de jovens portugueses tentavam entrar. As raparigas de tops e mini-saias, os rapazes de calções. Os seguranças impediram a entrada. Ao que os oiço dizer, alto e bom som "Mas porquê?!? SÓ PORQUE É UMA IGREJA?!?! que estupidez!". Não, meus amigos, porque essas são as regras! se forem a um restaurante com regras de indumentária também não vos deixam lá comer se não as cumprirem. Se forem a um evento com regras de indumentária e não as respeitarem, também correm o risco de serem mandados embora. Porque essas são as regras e, antes de irem aos locais preparam-se para isso, informam-se. Aquela é, para os crentes, a casa de Deus, para os não crentes o local onde vive o Papa que impõe regras para lá entrarem. Não nos cabe a nós refilar por causa  das regras porque, na casa dos outros, mesmo que elas não nos agradem ou as consideremos ultrapassadas, são para respeitar. A porta está aberta, se queremos entrar, cumprimos, se não cumprimos, não entramos. Tão simples quanto isso. Na vossa casa mandam vocês, na minha mando eu, na deles mandam ele... Regras.

(publicado em 2011 no facebook)

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