quinta-feira, junho 12, 2003

A (des)união das Esquerdas

Na sequência do Fórum Social Português (o tal em que a entrada era paga), que já referi anteriormente, o dia 10 de Junho teve na realidade a tal manifestação espontânea que se prometeu e se preparou ao pormenor. Uma manifestação? Não! Duas manifestações. Assim, segundo o Diário de Notícias, de um lado tivemos o Partido Comunista e a CGTP (e depois admira-se o senhor Carvalho da Silva de, apesar das suas 1001 intervenções televisivas semanais, ninguém o levar a sério), e do outro lado, o Bloco de Esquerda e outros movimentos. O BE acusou o PCP de "sectarismo" e de "aproveitar o movimento em proveito próprio", e o PCP acusou o BE de levar activistas de movimentos homossexuais e defensores da legalização de drogas leves. Nas palavras de um alentejano comunista, "deviam era ir para um campo de trigo espantar os pardais".
Tínhamos então, do lado do PCP, para além dos representantes parlamentares do PCP e de Os Verdes, 4 representantes do movimento contra as portagens, 16 do Conselho Português para a Paz e Cooperação, 2 defensores da "Revolução Bolivariana da Venezuela" e 21 apoiantes do Movimento Democrático de Mulheres (incluindo 2 homens). Ainda 5 pessoas a exigirem a "liberdade para os cubanos prisioneiros polí­ticos nos Estados Unidos".
Da parte do BE e afins, alinharam lésbicas, homossexuais, brasileiros, militantes anti-racistas e defensores dos direitos dos animais. E ainda quem apelasse ao boicote aos 4 sí­mbolos do imperialismo "Coca-Cola, McDonald's, Marlboro e Shell".
Resumindo, que grande caldeirada! E o pior é que, dentro desta caldeirada, até há quem tenha ideias interessantes e válidas mas...será que assim alguém os ouve?