domingo, junho 15, 2003

Uma gata tão meiguinha

Falou aqui o Nelson da nossa ida a uma esplanada nas Azenhas do Mar com uma amiga e uma gatinha recentemente dada, e um grunho português na mesa ao lado.
Não, não vou repetir a história do grunho porque considero que o Nelson já a contou muito bem. Gostava, no entanto, de vos falar daquela gatinha recentemente dada:

Soubemos que um casal conhecido tinha uma gata para dar. Rapidamente aquela nossa amiga, a São, a quem tinha morrido uma gata recentemente, se ofereceu para ficar com a dita. Assim contactámos o casal conhecido, a Anabela e o Nuno, e combinámos como a iríamos buscar. E aqui vem a parte da história que me comoveu e que quero partilhar.

A Anabela apareceu-nos carinhosamente com a gata ao colo. Começou logo por dizer que a gatinha era muito meiga e estava muito mimada porque a Anabela tinha andado sempre a dar-lhe colo. Perguntei como tinha a gata aparecido lá por casa: respondeu-me que não tinha aparecido. Aquela gata, de apenas um mês, estava presa no motor de um carro e a Anabela andou «armada em mecânica» a tentar tirá-la de lá. Imagino as arranhadelas que uma gata, assanhada numa situação daquelas, lhe terá dado. Mas a Anabela não desistiu e levou-a para casa.
Soube depois que a gata estava há apenas 48 horas com este casal. Já tinha, porém, ido ao veterinário. À São a Anabela explicou tudo. A gata está constipada e tem de ser colocado este soro nos olhos de tantas em tantas horas, tem este antibiótico para tomar também. Além disso está a ser desparasitada e tem de tomar um determinado produto nos dias X - comida, uma garrafa com água, «porque ela sofre muito com o calor», e a areia para o xixi, que ela só faz na caixa!
Enquanto eu falava com o Nuno, sempre atencioso, tí­mido e meigo, ia observando o carinho com que a Anabela explicava tudo. Depois o olhar já de saudade por se despegar daquela simpática gatinha que esteve com ela «apenas» 48 horas.

Pensei: «bolas, é bom ver que ainda existem pessoas que fazem destes gestos de uma forma tão descomprometida». A Anabela e o Nuno já salvaram vários bichinhos e arranjaram donos para todos. De todos se despedem com a mesma saudade. E o mais incrí­vel é que esta Anabela e este Nuno são um daqueles casais que poderiam aparecer naquelas revistas do jet set nacional a mostrar a sua casa e a vangloriarem-se por salvarem tanto animal, mas não o fazem. Não vou dizer o seu sobrenome, porque, tal como eles, acho que estes gestos são tão bonitos que devem ser conhecidos pelo gesto em si e não pela pessoa que o executa.

Obrigada Anabela e Nuno

P.S. - A gatinha ainda não tem nome... ninguém se consegue decidir. Mas já ronrona para a nova dona e se aninha ao seu lado na cama (o xixi só na caixa).