segunda-feira, junho 16, 2003

Os mí­ticos anos 80

Gostaria de ir fazendo aqui um apanhado daquilo que foram os anos 80, mas há tanto para dizer que cheguei à conclusão que um só post não chegava para tal (ou iria ficar demasiado grande). Assim vou separar por temas estes anos e hoje, começo por vos falar da música, correndo o risco de me esquecer de muitas e muitas coisas.
Muitas são as crí­ticas que se ouvem a esta década, como se a mesma fosse vazia. Mas quem não se lembra de nomes como Rod Stewart, OMD, A-HA, Erasure, Propaganda, B-52's, Depeche Mode e Alphaville?
Estes foram os anos em que, em Portugal, devido a um vazio legal, havia centenas de rádios pirata. Todas as terrinhas tinham a sua e cada uma delas era ouvida por 5 ou 6 ouvintes. Era o fascínio de fazer rádio, o fascí­nio de interagir com as rádios. Foi o iní­cio dos discos pedidos e das conversas do/a locutor/a com a dona Francisca que ligava para a rádio para pedir «uma rosa no meu jardim» da Chiquita e que, após dizer a frase do patrocinador, aproveitava para perguntar como estava a famí­lia.
A-HA, Aerosmith, B-52's, Billy Idol, Bon Jovi, Bonnie Tyler, Boy George & Culture Club, Bruce Springsteen, Bryan Adams, Cyndi Lauper, Daryl Hall & John Oates, Dire Straits, Duran Duran, Elton John, Erasure, Europe, Eurythmics, Genesis, George Michael, Human League, Information Society, INXS, Jimmy Cliff, Madonna, Men at Work, Modern Talking, Morrissey, New Order, Oingo Boingo, OMD, Pet Shop Boys, Phil Collins, Queen, Rod Stewart, Roxette, Simple Minds, Simply Red, Starship, Sting & The Police, Tears For Fears, The Cult, The Cure, The Smiths, The Outfield e muito mais. Todas bandas ou músicos que se iniciaram, alcançaram mais sucesso (e alguns acabaram), nesta mítica década (perdoem-me qualquer erro).

Em Portugal surgiram também cantores e bandas que nos marcaram. Aqui deixo o nome de algumas só para recordar.

António Variações - rebelde, excêntrico. Deve a sua passagem para o «lado de cá» da sua casa ao programa "Meia de Rock" da Rádio Renascença apresentado por Rui Pêgo e António Duarte, que foram a sua casa e gravaram três temas, entre eles «Toca o comprimido» que depois passou no programa. Eram os anos 80, das rádios pirata e dos programas de autor hoje, infelizmente, em vias de extinção. António Variações cuja imaginação surpreendia muitos de nós, foi uma das primeiras figuras públicas que sucumbiu devido à Sida a 13 de Junho de 1984.

Ban - foram uns dos percursores, conjuntamente com os Delfins, da música pop portuguesa.

Delfins - «1981 - Em Cascais, os adolescentes Fernando Cunha, João Carlos e Silvestre, começam a ensaiar juntos, perseguindo o sonho de formarem um grupo musical. Numa garagem mínima instalam os seus instrumentos de quarta categoria e aprendem a tocar alto. Eram movidos pelo que os movimentos punk e new wave lhes tinham ensinado: não era preciso saber tocar muito bem ou ter instrumentos muito caros para que se fizessem ouvir. Bastava a atitude»

GNR - Banda formada em 1980 por Toli César Machado, Alexandre Soares e Vítor Rua. Na altura apenas tinha portanto, um baterista e dois guitarristas. Depois juntou-se o baixista Mano Zé, que já tinha tocado com Rui Veloso e, em 1981 gravaram «Portugal na CEE». Após o abandono de Mano Zé apareceu Miguel Megre que, mais tarde, passa do baixo para as teclas. Rui Reininho surge em 1982 depois de se aperceberem que a voz de Alexandre Soares era muito limitada.

Grupo de Baile - Ficaram conhecidos devido à mítica música «Patchouli». Do lado B deste seu primeiro (e único) single editado estava a música «Já rockas à toa». Os anos 80 foram o iní­cio da onda rock portuguesa. Os «Grupo de Baile» obtiveram um sucesso estrondoso e chegaram a gravar um segundo single «Vocalistas rock» que, porém, nunca foi editado.

Heróis do Mar - Foram uma das mais carismáticas bandas portuguesas, na década de 80, apesar de terem passado por conotações menos pací­ficas em virtude do elevado cariz patriótico. Compostos por Carlos Maria Trindade, Paulo Pedro Gonçalves, Pedro Ayres de Magalhães, António José Saraiva e Rui Pregal da Cunha, os Heróis do Mar são ainda hoje uma referência na música portuguesa tendo deixado para a história temas tão inesquecíveis como "Paixão", "Só gosto de ti", "Fado", "O inventor", "Eu quero", entre outros.

Jáfumega - Em pleno boom do rock português o grupo decide cantar em português e obtém um estrondoso sucesso com o single "Dá-me lume", que contém o reggae "Ribeira", no lado 2. Este tema, cujo refrão andava na boca de toda a gente (" A ponte é uma passagem, p'rá outra margem...") , transforma os Jáfumega num dos grupos mais solicitados para concertos em todo o país. "Pouco tendo a ver com o rock português os Jáfumega tinham no seu line-up alguns dos melhores músicos portugueses, disso não havia dúvidas." Em 1983 o grupo edita o seu último trabalho de título "Recados", subdividido em "Recados da cidade" e "Recados do campo". Temas como "Romaria" ou "La dolce vita" revelam-se sucessos na rádio, mas não trazem ao grupo grandes proveitos comerciais, pelo que a banda se dissolve em 1984. O artigo pode ser encontrado na íntegra aqui.

Rádio Macau - «O Rádio Macau nasceu em 1983 e gravou o seu primeiro disco em 1984. Em 10 anos produziu cinco álbuns originais, dois maxi-singles e um disco gravado ao vivo. Entre 1993 e 1999 a banda fez um interregno em que cada um dos elementos do núcleo do Rádio Macau se dedicou a projectos individuais mas, também, a projectos que aglutinavam outros membros do grupo».

Rui Veloso - "Pai do rock português".

Salada de Frutas - "Foi em 1980 que o panorama musical português foi invadido por um «Robot», cantado por Lena d'Água, que seria um sucesso estrondoso. A banda, além de Lena d'Água, era constituí­da por Luí­s Pedro Fonseca e José da Ponte. Por divergências pessoais a banda termina, continuando Luís Pedro Fonseca e Lena d'Água com a banda Lena d'Água e a Banda Atlântico.

Lena d'Água (e a Banda Atlântico) - "antigo elemento dos Beatnicks e dos Saladas de Frutas. Lena D' Água tem tido uma carreira muito irregular. Músicas que se destacam pelo sucesso: «Vígaro cá, vígaro lá» - o seu primeiro sucesso, «Sempre que o amor me quiser» e «Heroína».

Sétima Legião - "Em 1982, três amigos resolvem formar uma banda. Eram eles: Rodrigo Leão (baixo), Pedro Oliveira (voz e guitarra) e Nuno Cruz (bateria). Começam a ensaiar e decidem chamar-se Sétima Legião (que era o nome que da Legião romana que veio à Lusitânia). "Susana Lopes (violoncelo) e Paulo Marinho (gaita de Foles) juntam-se ao colectivo, ao mesmo tempo que Francisco Menezes começa a escrever letras para as canções." A Fundação Atlântica (editora discográfica de Pedro Ayres Magalhães, Ricardo Camacho e Miguel Esteves Cardoso) contrata a banda, em 1983, ano em que gravam o single "Glória" com letra de Miguel Esteves Cardoso. "O novo disco da banda só sairia em 1987 e intitulava-se "Mar D'Outubro". Continha os temas "Sete mares", "Reconquista" e "Além-Tejo". Este disco torna-se um grande sucesso, atingido o galardão de Disco de Prata e sendo o grande trampolim para a ribalta. "Em Novembro de 1989 é editado um novo LP da banda "De um tempo ausente" que conta com vários convidados, entre os quais Flak, Francis (ex-Xutos e Pontapés), Luí­s Represas, Pedro Ayres Magalhães e Teresa Salgueiro. Contendo os temas "Por quem não esqueci e "Porto Santo", este disco é, outra vez, um sucesso de vendas e de crítica". Este artigo de Aristides Duarte pode ser encontrado na íntegra aqui.

Táxi - "Foi uma banda acusada de praticar música de «mastigar e deitar fora» e, por isso, inovadores no panorama musical português. Regressaram em 1999, mas não obtiveram o mesmo sucesso.

UHF

Xutos & Pontapés

Muitos outros havia para referir, mas não temos tempo!