terça-feira, agosto 23, 2005

O que me vale é que eu sou um tipo "anormal"

Este sim, agora com aparador de relva incluídoAs modernas técnicas de Marketing sempre tiveram em mim um efeito contrário ao pretendido pelos seus criadores.

Isto, vindo de quem tem formação nesta área, parece um contra-senso, mas acreditem que quem me bater à porta, quem me enviar correspondência não requisitada, quem me interromper a hora de uma qualquer refeição, quem me telefonar, quem me encher a caixa de correio electrónico com inutilidades, quem, em suma, tentar utilizar uma forma de comunicação o mais personalizada possível, promovendo os seus produtos e/ou serviços, muito dificilmente me conseguirá vender o que quer que seja. O mesmo se passa com a grande maioria das técnicas de fidelização - com especial destaque para os habituais cartões de pontos. A mim o que verdadeiramente me fideliza são duas coisas: A qualidade por mim apercebida do produto/serviço e a forma como sou tratado enquanto cliente por quem dá a cara. Jamais um desses cartões, um qualquer desconto, promoções, etc, etc, me farão mudar os meus hábitos de consumo.

Nunca me senti sugestionado a comprar nada, só pelo simples facto de o mesmo me ser dado a conhecer e, regra geral, muito pragmaticamente, sinto uma necessidade, vou à procura dos locais onde a possa satisfazer, avalio as variadas opções e finalmente escolho o produto que acho adequado à minha bolsa, tentando justificar para mim próprio que fiz a melhor opção, consoante as limitações e/ou os propósitos que tenha. Estou a falar, naturalmente, de todos os produtos que não se enquadram nas compras por impulso, atenção. Sou um "anormal", mas não tanto! Ainda tenho alguns instintos básicos e também faço compras fúteis, irracionais e perfeitamente desnecessárias.

De moldes que ontem fui cobardemente "atacado" por uma quantidade disparatada de SMS's da minha operadora móvel, dando-me a conhecer duas situações:

1 - que pertencia a um tal de Clube Viva (de que já tinha ouvido falar, mas que nem fazia ideia do que se tratava).
2 - que tinha não-sei-quantos pontos neste clube e que poderia trocá-los por algo que poderia encontrar na sua página da Internet.

Liguei para um número que por lá vinha e fiquei a saber que tinha 650 pontos! 650 pontos?! Caramba! Isto é uma catrefada de pontos, pus-me eu a pensar. Isto é coisa para eu conseguir ter um telemóvel com escova de dentes, corta-unhas, binóculos para ver mulheres nuas e quem sabe, até um barbecue portátil.

E então, esta manhã, lá fui eu dar uma espreitadela ao referido site, e foi com muito agrado que reparei que os meus 650 pontos não dão para... quase nada! Isto para além de que esta malta, como eu suspeitava, dá um chouriço a quem lhes oferece um porco. Ou seja:

"O nosso digníssimo cliente tem aqui uma carrada de pontos, que pode transformar em contos, mas tem de acrescentar uma determinada quantidade de Euros, para poder trocar essa porcaria de telemóvel, que lhe vendemos aqui há uns tempos como a última maravilha da tecnologia, mas que agora mais parece dinossáurico, dado que toda a gente que o excelso cliente conhece, já possui maquinetas bem mais evoluídas. De moldes que vamos lá mas é a trocar essa coisada, senão acaba por ser ultrapassado no tempo! Em alternativa, pode também adquirir uma série de aparelhómetros que o farão parecer um verdadeiro astronauta."

'Portantos', muito e muito obrigado pela informação, caríssimos senhores da operadora móvel. Podem continuar a acumular pontos à vontade, que aqui esta coisada está de boa saúde (mesmo com uma queda do 2º andar pelo meio), a funcionar adequada e convenientemente.

Ah, e é verdade, parem lá com esta porra dos SMS's, que isto é coisa para, só por si, me fazer mudar de fornecedor.

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