Ouço, com maior frequência do que gostaria, a acusação que nos regimes mais liberais há muitos pobres e nem todos conseguem ter sucesso.
Ora, nunca leram em lado nenhum que o liberalismo promete uma sociedade cheia de ricos. O que lêem é que no liberalismo cada um tem a liberdade de alcançar aquilo que as suas capacidades permitem. O liberalismo não promete proteger os preguiçosos que não querem trabalhar. O liberalismo não promete que o caminho de cada um vai ser fácil. No liberalismo algumas pessoas alcançam sucesso com maior facilidade, outras com menor, outras não alcançam... e, claro, depende do que cada um de nós considere sucesso. Há pouco li alguém comentar o seguinte: "Quando vir extractos de banco com 1 milhão nas mãos de cada liberal, serei liberal"... Bom, se essa pessoa considera isso sucesso e se a sua família não trabalhou e não lhe deixou uma herança suficientemente grande para atingir a meta de "1 milhão", então temo que essa pessoa nunca será liberal. É socialista porque defende que quem já alcançou esse milhão, ou vários milhões, o distribua por si, que não o alcançou, nem tem ideias suficientemente brilhantes que "valham 1 milhão". No entanto, é um erro achar que um liberal tem de alcançar "1 milhão" por ser liberal. Só a ideia de pensar que por termos uma ideologia vivemos, automaticamente, de acordo com ela (ou com o que achamos que ela é) é errada... seria certa num regime liberal, onde cada um pode agrupar-se com pessoas com as mesmas ideias e criar grupos, por exemplo, de socialistas e comunistas a lutarem por um bem comum, porque o "Estado Liberal" tem o mínimo de impostos possível. Mas um liberal, por muito bom que seja, por muitas "ideias de 1 milhão" que tenha, em países com políticas socialistas pode não alcançar o sucesso porque não tem a liberdade de ser liberal, tem de pagar a sociedade socialista tendo a carga fiscal que todos os que vivem nesses regimes conhecem.
Também ao contrário do que tenho ouvido, o liberalismo não defende um "cada um por si" - isso é a anarquia. Não permitindo que os preguiçosos prejudiquem os trabalhadores, o liberalismo não condena à sua sorte, ou falta dela, aqueles que não têm como trabalhar embora queiram, e estabelece princípios para salvaguardar essa pequena percentagem da população.
Porém, ao contrário do liberalismo, o socialismo promete bem-estar, riqueza e felicidade para todos. Como tal, ao contrário do liberalismo, que não promete o que não pode cumprir, prometendo apenas que cada um seja livre para alcançar o que consegue (sabendo que alguns, lamentavelmente, só conseguem alcançar miséria mas não devem ser responsabilidade dos restantes), o socialismo promete aquilo que nunca poderá cumprir porque é uma utopia. Uma sociedade onde toda a gente é rica, se sente bem e é feliz é, temos de convir, uma utopia. Não existe. Continuar a defender a realidade de tal ideia é continuar a viver num mundo de contos de fada.
Se o socialismo ainda não tivesse sido tentado e aplicado (tanto por países como por pessoas em particular), compreendia-se que o sonho se mantivesse. Mas, tendo invariavelmente levado à miséria, a regimes ditatoriais e à morte de milhões, não se compreende como continuam tantos a defender a sua existência e o seu sucesso, afirmando que precisamos de, ainda, mais socialismo.
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