Ontem, em França, mais de 4 milhões de pessoas marcharam contra o terrorismo e a favor da liberdade. Só em Paris estiverem mais de 1 milhão de manifestantes.
Juntos pela paz e pela liberdade em geral estavam chefes de Estado e primeiros-ministros de mais de 40 países, entre eles adversários como o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas que se encontravam na mesma linha, separando-os apenas 4 pessoas, porque lutar lado a lado contra o terrorismo é mais importante do que qualquer desavença que têm nos restantes dias.
Desde que ocorreu o atentado à Charlie Hebdo muito se tem escrito e opinado. Desde o momento em que tal aconteceu que tenho lido, de diversas pessoas, a opinião: "Deviam proibir as religiões todas". Não sei se essas pessoas conseguem compreender o quão se assemelham aos terroristas que matam para proibir o ateísmo e todas as religiões, excepto a sua. O direito de acreditar em Deus (ou no pai natal, em fadas, em duendes, em cartomantes, no tarot, na astrologia, no que se quiser) é igual ao direito de não acreditar. O direito a ir ao templo, rezar, e seguir rituais é igual ao direito de ir, por exemplo, à festa do avante, cantar o "avante camarada", gritar "assim, se vê a força do PC" e abanar a bandeira do PCP (seguir rituais).
Ninguém tem o direito de dizer que os outros devem deixar de acreditar ou que se deve proibir Deus na vida das pessoas. Cada qual alcança conforto como bem entende e Deus, a religião, é tão importante para umas pessoas, como os festivais de verão, a festa do Avante, as férias, o dia de ano novo, para outras.
A marcha de ontem foi histórica e serviu para isso mesmo: Para mostrarmos que não temos medo. Não temos medo de acreditar no que acreditamos ou de não acreditar em nada. Não temos medo de rezar. Não temos medo de desenhar. Não temos medo de escrever. Temos esse direito. Ninguém tem o direito de invadir a nossa liberdade tal como nós não temos de invadir a dos outros. A religião, seja ela qual for, não faz mal a ninguém; Os homens fazem.
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