Arrendar ou Comprar?
A responsabilidade de arrendar uma casa é muito inferior à de comprar. Quando arrendamos uma casa não nos preocupamos muito porque a casa não é nossa e, no futuro, não vai passar para os nossos filhos e netos. Mesmo que tenhamos governantes/as, criados e cozinheiros, não nos preocupamos muito se a casa, na sua estrutura está arranjada. E embelezamos com cuidado apenas aquelas partes que vamos mostrar aos outros “para inglês ver” (às vezes nem isso). Os proprietários da casa acabam sempre, depois, por arcar com o “bolo final” das contas daquilo que não foi cuidado convenientemente. Raros são os inquilinos temporários que, realmente, se preocupam.
Quando compramos a coisa muda de figura. Compramos algo que escolhemos, pelo qual lutamos dia após dia, fazendo as contas para saber que casa podemos pagar no final do mês e com que luxos podemos viver, mesmo que seja outra pessoa a pagar a casa que é nossa, temos este cuidado porque não a queremos perder. Queremos que seja permanente, que passe para os nossos filhos e netos com o mínimo encargo possível para as futuras gerações. Cuidamos da casa com amor e carinho. Com cuidado, seja nas partes “para inglês ver” ou nas partes mais íntimas, mais nossas. Se tivermos governantes e criadas andamos “mais em cima” a ver o que andam a fazer e a “cobrar” qualquer falha porque, a casa é nossa, gostamos dela, sentimos amor por ela e queremos que os nossos filhos a tenham nas melhores condições possíveis. Raros são os proprietários permanentes que não se preocupam.
É assim que encaro a república e a monarquia. O presidente da república “arrenda” o país como seu por 5, 10 ou 15 anos. Não mais do que isso. Depois disso não são os seus herdeiros, os seus filhos que ele ama, quem tem de preocupar-se com a “merda” que se tenha feito durante o seu arrendamento e sim o inquilino seguinte. Se os governantes roubarem, os criados fizerem um mau trabalho, o presidente não tem de preocupar-se muito, desde que aquilo que o “inglês vê” esteja bem, e desde que o seu futuro pessoal esteja assegurado (vivendo às custas de quem lhe paga para o resto da vida), não tem de preocupar-se muito e, se for preciso, também rouba mais um bocadinho. Raros serão os realmente honestos nesta situação.
Com a Monarquia o Rei “compra” o país como seu para toda a vida e sabe que o mesmo passará para os seus filhos e netos, e tem de manter feliz quem lhe paga para isso. Vive nele e se os seus governantes e criados andarem a roubar, fizerem mal o seu trabalho, são os seus filhos quem vai ter de arcar com as consequências no futuro. Os filhos que ele ama e que não quer que sofram. Assim cuida do país como se de propriedade privada se tratasse. Mete a “boca no trombone” se notar casos de “roubos” (corrupções), tenta chamar a atenção de maus governantes e criados e orienta as coisas de modo a que o futuro da sua casa esteja salvaguardado e o trabalho dos seus filhos seja cada vez menor. Raros serão aqueles que tenham mau íntimo e não se preocupem quando está em risco um lugar permanente para si e para os seus.
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