Como é bom morar no campo!
Hoje acordei com o som aos altos berros da música do vizinho. O vizinho mora a cerca de 50 metros da minha casa. As casas estão separadas pelos dois quintais. E foi assim que acordei hoje. No campo...com o som dos passarinhos (pena que a música o tenha abafado). Normalmente quando não acordo assim, acordo um bocadinho mais tarde quando começam as obras nos terrenos à volta do meu. E o som dos passarinhos (pena que as obras o abafem). Ou então quando alguém decide ligar o motor de cortar relva. E o som dos passarinhos (pena que o motor o abafe).
Precisei de ir ao laboratório buscar o resultado de umas análises. Claro que para fazer essas análises tive de conduzir 40 quilómetros (20 para um lado e 20 para o outro), porque é aí que fica o laboratório mais perto. A gasolina está cara, ainda pensei em ir nos transportes públicos, mais baratos, mas tinha de esperar mais de 3 horas por um autocarro que demoraria uma hora e meia a fazer o percurso de 20 quilómetros. E depois teria de esperar mais não sei quantas horas e “fazer tempo” para apanhar o de retorno (mais hora e meia). Claro que “fazer tempo” no "campo" é bom. É calmo. Não há fnac's, nem wortens, nem livrarias, nem cinemas, nem centros comerciais apinhados de gente. É calmo. Temos 5 lojas para ver (aquelas que já vimos centenas de vezes e que nunca mudam), um café e um quiosque de jornais. Por isso as horas seriam "fáceis" de passar...
Lá decidi ir de carro!
Há um largo de mercado junto ao laboratório. Nos dias em que não tem mercado funciona como parque de estacionamento e, no "campo", há sempre locais para estacionar. Hoje não era excepção. Lá veio o arrumador de carros indicar-me um entre as centenas de lugares existentes e pedir-me a moedinha (o que vale é que estamos no "campo" e não apanhamos com os "parasitas" das cidades"). Aconteceu-me exactamente o mesmo quando no outro dia tive de ir ao hospital (este a 12 Km, fiz, portanto, 24 Km para lá ir).
Depois de buscar o resultado das análises precisei de ir comprar um produto de higiene num supermercado. É um produto que costumava comprar no Continente com a maior das facilidades quando morava na balbúrdia da cidade (durante os 10 anos que lá morei). Corri três supermercados, os três que existem num raio de 20 km, não encontrei em lado nenhum. Vim para casa...
Às vezes aborreço-me de estar em casa, como acontecia quando estava na cidade. Nessas alturas já não vou para o Parque das Nações ou para os jardins do palácio passear, tomar café, ler um livro, observar as famílias que por lá andam, ir ao Pavilhão do Conhecimento, ver o parque com os patos. Não vou ao Jardim Zoológico, nem ao Oceanário. Não vou à praia que é logo ali ao lado, nem a Sintra que também está logo ali. Não vou comer um gelado com os amigos porque esses ficaram todos na cidade. Nem vou ao cinema, ao teatro ou a qualquer actividade cultural a decorrer no Centro Cultural de Belém. Nem me vou meter no Colombo, Vasco da Gama, ou Norteshopping, onde posso passar uma tarde a ver livros, ouvir música, ver roupas, gastar dinheiro. Nessa vida consumista e chata da cidade. Não! Nessas alturas ou vou para o Modelo (que é a maior emoção que aqui há), ou venho jogar computador e tentar esquecer o marasmo.
É bom morar no campo! É calmo. Há qualidade de vida...
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