segunda-feira, setembro 08, 2003

IC 19

Estive agora a ler, nos jornais, algumas coisas sobre a queda da passagem pedonal no IC19 e não pude deixar de sorrir com uma das razões, que foi apontada por um morador do bairro que é servido pela dita passagem, para o ocorrido.
Diz o senhor que, após a construção da passagem, o IC19 já foi por 3 vezes reasfaltado, com a colocação de várias camadas de alcatrão, que foi aumentando de espessura, e que nunca foi elevada a passagem de peões, pelo que é natural que embatam na ponte os veículos mais altos.

A juntar a tudo o que foi ontem noticiado, isto faz-me lembrar uma obra que foi realizada na minha cidade (a Amadora), faz agora cerca de 20/25 anos, e que para mim ficará para sempre na memória como exemplo de incompetência, pelo que não resisto a contá-la.

Como quase todas as localidades que têm via férrea, a Amadora, é cortada quase a meio, dificultando bastante o trânsito entre "as 2 margens". Esta "travessia" era, faz agora cerca de 30 anos, efectuada através de 2 passagens de nível, 1 ponte por cima da via férrea e uma passagem superior da via férrea. Entretanto, e calculo que devido à intensidade do trânsito, rodo e ferroviário, as passagens de nível foram encerradas. E, sensivelmente na mesma altura, foi decidido efectuar a substituição da ponte em madeira por onde passa o comboio (passagem superior do comboio), por uma estrutura em betão.

Começam as obras. Corta-se a estrada (fica-se só com uma travessia, o que já na altura tornava o trânsito caótico) e colocam uma placa "Trânsito interrompido por 90 dias". Passa 1 mês, passam 2, passam 3, passam 4, passam 5... e obra nem vê-la.

Que se passou? A ponte em madeira, foi substituida no prazo efectivamente prometido, mas dias antes da abertura do trânsito, efectuando alguns testes, verificou-se que os autocarros de 2 andares (ao bom estilo londrino) que na altura por ali passavam não poderiam utilizar aquela passagem, uma vez que a ponte em betão tinha uma espessura consideravelmente superior. E ninguém se lembrou de tal...

Que se faz? Faz-se um buraco. Exacto. Tira-se o alcatrão, por debaixo da ponte e rebaixa-se a via de rodagem. Excelente ideia.... E com a mesma velocidade que o pensaram, o executaram. 6 meses após o início da obra estava concluído o tal rebaixamento. Tudo pronto para a abertura ao trânsito e cai uma bátega daquelas de choverem "cães e gatos". E lá fica a "obra de engenharia" - a ponte, com uns belíssimos 2 metros de água por debaixo, no tal "buraco", para passarem os autocarros...

Exigiam-se, portanto, novos planos. Como existe uma descida, na estrada, até à passagem por debaixo da via férrea, decidiu-se começar a rebaixar a estrada, uns bons 200 metros antes da ponte, de uma forma gradual, por forma a não existir um "buraco" por debaixo da mesma. Entretanto já tinha passado 1 ano.

Lá foi feito o planeado e, passados mais 2 anos (36 meses, em vez dos 3 anunciados), lá ficou pronta a ponte, para grande alívio de todos os moradores.

E agora a "piéce de resistence". Nunca por ali passaram autocarros de 2 andares, visto que os mesmos foram retirados de circulação, durante a execução da obra...

E eu pergunto-me: porque é que estas coisas continuam a passar-se neste país? É que são umas atrás das outras. Acidentes podem sempre acontecer, mas regra geral, no nosso país, acontecem por pura INCOMPETÊNCIA! Mais nada!

Sem comentários: