domingo, agosto 17, 2003

Ay, que calor!

Pois é, que brasa meus amigos! Estou de volta do meu único período anual de férias (a não ser que algo de anormal, como sucedeu no ano transacto, regra geral, fico só por 3 semanitas, patrão oblige...). E só tenho a dizer uma coisa...QUE CALOR, que calor insuportável, há muito, mas mesmo muito tempo que não me lembro de nada assim.

Que dias...estive desde 27 de Julho até hoje (16 de Agosto), no Sotavento Algarvio. Sei, como é óbvio, que se tratou de uma situação anómala, e que assolou uma grande parte da Europa. Mas meus amigos...que braseiro. Eu até hoje nunca percebi porque razão as temperaturas máximas em Faro são sempre das mais baixas a nível nacional. Desconheço onde as mesmas são medidas, mas desde sempre me pareceram francamente inferiores à realidade. Ao fim do dia verifiquei várias vezes as temperaturas, nos noticiários, e pareceram-me sempre francamente abaixo daquilo por que passei...não que sirva de exemplo, mas verifiquei que o termómetro da minha viatura, acusava 46º à sombra, bem distante dos 34/35 anunciados para Faro.

Sofro horrivelmente com as temperaturas altas. Transformo-me num poço de suor (com o pico de há 5 anos atrás, em Florença, com 42º e 98 % de humidade ter entrado em delírio), numa pessoa irritável, que mal consegue dormir e que bebe cerca de 7/8 litros de água por dia. Dormi, quase em permanência, no chão da varanda da casa em que estava - lá dentro, aquilo era insuportável – em cima dum contraplacado.

Mais uma vez consegui aproveitar algumas (poucas) coisas que o Algarve ainda tem de bom:
- comi umas belíssimas sapateiras e santolas a preços excepcionais;
- comi uns magníficos carabineiros (camarões grandes - cerca de 25 cms - e vermelhos), que por aquelas bandas têm preços menos proibitivos;
- fartei-me de apelar aos meus instintos de caçador e comi muita conquilha, que eu próprio apanhei;
- lulas e chocos maravilhosos;
- fruta excelente (não aquela porcaria que vem parar aqui a Lisboa).

Devo referir que não consigo conceber férias sem boa comida.

- O mar, para meu grande gáudio (assim como para 5% dos veraneantes), e desgosto de quem me acompanhava, apresentava uma magnifica ondulação, entre 2,5 e 3,5 metros, e uma temperatura de 25º, o que quase me transformou num autêntico peixe ou molusco, dado o tampo que por lá passava (de notar, que em circunstâncias normais, sou do tipo toca-e-foge, dou um mergulho e adeus que se faz tarde e a água está muito fria).

- Encetei um ataque fortíssimo à minha renda mensal à custa da Dodot (cerca de 15 contos mensais em fraldas e paninhos, para o meu filho que não quer largar aquela porcaria por nada deste mundo), até agora com resultados encorajadores.

- Devido a uma indisposição do meu petiz, que passou um dia no Hospital, dei por mim frente à televisão, cerca das 8/9 horas da noite. Sozinho! Um pouco preocupado, faço um zapping pelos canais que dispunha. Sinceramente, e devido ao facto que em casa, ter os canais do cabo, o vídeo e o DVD, nunca tinha reparado o quão má está a nossa televisão extra-cabo. Que pobreza franciscana! Fui ao jornal e vi programações do arco-da-velha. Nesse dia a grelha da TVI era preenchida por 5 (CINCO) telenovelas de uma qualidade reles e deprimente ("Saber amar", "Coração malandro", "Amanhecer", "O último beijo" e "O teu olhar"), por uma reposição de um programa inenarrável ("Vidas reais" - que nem sequer conhecia) e por uma apresentação do mesmo, antes de um filme à 01h45 da manhã (que até gostaria de ver, não fosse a hora a que era transmitido). Tudo isto cortado a meio pelo relambório de desgraças e horrores que é o "Jornal Nacional". A cultura da desgraça no seu melhor. Fogos. Mortos. Desgraçadinhos, miséria, aleijados, cegos, grandes sofrimentos de Amor. HAJA PACHORRA!!! A TV da Média Capital é uma BOSTA!

E o pior é que os outros canais que podia ver, não estavam muito melhor. O concurso interminável do Tio Nicolau (mais o seu humor popularucho e fácil) e outra aberração na SIC, um programa daquela avantesma do João Baião, intitulado "A culpa é do macaco", que me recusei a ver.
Muito sinceramente, despertou-me mais interesse um canal marroquino que conseguia captar, não fosse o facto de não perceber rigorosamente nada do que diziam.

- Assisti à inauguração, via TV, do Mega-Urinol de Alvalade. E também, aqui, li muitas coisas daquelas que me irritam cada vez mais. Fez-me lembrar um dos livros que reli neste período ("1984" de George Orwell). Então agora só se pode comprar coisas no Mega-Urinol, com uns cartões (não funcionaram agora, mas irão por certo estar funcionais em breve) pré-comprados? Isto, irrita-me profundamente. Só conto deslocar-me a Alvalade uma vez na vida (no próximo Sporting-Benfica) e se quiser comer alguma coisa tenho que gastar no mínimo 5 euros? Isto não tem pés nem cabeça...e se eu não quiser gastar 5 euros? Lá fica o SCP com o restante...Mas o que me chateia, e de uma forma absoluta, é o controlo, que destes cartões advém. Apesar de não o referirem, para além de garantir um melhor controlo das receitas (os empregados não conseguem roubar tanto), o que as cabecinhas, que estão por detrás desta engenhoca, pretendem, é saber com um rigor absoluto, que coisas se vendem, em que lugares do estádio. Se o Prof. Dr. Repimpão, prefere Whisky Glen Moran de 12 ou de 15 anos, ou se o Zé Lagarto, quer pistachios ou amendoins, se prefere Sagres ou Super-Bock. Não suporto isto. Considero uma afronta ao que é português e uma aproximação ao modelo de espectáculo desportivo que impera nos EUA, em que milhares de pessoas, estão num complexo desportivo a empanturrarem-se de quantidades enormes de "comida de plástico". E depois andam por lá uns tipos a tocar umas assobiadelas, a avisar que vão a passar. Só espero que não seja em freqüência, que nos incite a consumir os produtos que trazem na bandeja. Já estou por tudo. BIG BROTHER IS WATCHING YOU!

E, também, por aquelas bandas, se começa a ver cada vez mais, a "anglicização" do nosso país: Ele é Gamebox (pacote de bilhetes para toda a época), ele é Megastore/FanLab (loja de produtos licenciados pelo clube). E ainda falta inaugurar um Centro Comercial, com um nome horroroso, que agora não me recordo. Enfim, é triste ver estas coisas a alastrarem a um ritmo alucinante.

E li que por lá se iam realizar uma série de coisas: congressos, festas de casamento, restaurantes, reuniões, concertos. Só uma pergunta: VAI-SE JOGAR FUTEBOL NO MEGA-URINOL?

- Também assisti a mais um triunfo do Glorioso no Torneio do Centenário do Boavista. Só daqui a 200 anos, quando o Boavista completar o 3º Centenário, é que o Benfica poderá ser suplantado em termos de número de títulos, nesta prestigiada competição.

- E vi o jogo de Roma, entre a Lazio e o Benfica. Eu considero que era quase impossível, para não dizer um autêntico milagre, o Benfica ter perdido aquele jogo. Que infantilidades inadmissíveis (Ó Argel, um disparate daqueles, talvez só nos Distritais). O Benfica jogou de peito aberto e dominou grande parte do desafio. Mais uma vez, esbanjou uma mão-cheia de oportunidades de golo claríssimas, e cometeu erros defensivos quase inacreditáveis (no 2º golo, há um defesa encarnado que em vez de desviar a bola para canto, desmarca o Cláudio Lopez, que estava isolado na grande área). Se eu fosse o "Manolo", um jogador, que tivesse tido o comportamento do Roger, enquanto esteve em campo, nem sequer ia jogar para a equipa B. Simulações ridículas de grande penalidade, duas "mão-na-bola" claríssimas, a segunda numa saída para contra-ataque (de que resultou o 3-1). Uma tendência absurda para o individualismo. Defender não era com ele..."Jogadores" destes, na posição em que ele joga, não fazem falta, a nenhuma equipa europeia.

Se os italianos jogarem cá, como jogaram em Roma, pode ser que ainda se consiga dar a volta à eliminatória, se bem que para marcar um golo a uma equipa italiana, é quase necessário tirar um curso. Perdemos o jogo, mas gostei da atitude.

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