sexta-feira, agosto 22, 2003

Tradutor procura emprego

Nestas férias, o meu filho, que fez recentemente 3 anos de idade, para além de finalmente ter compreendido que é muito mais prático (e barato!!! mas para isto ele está a borrifar-se) não usar fraldas, deu um enorme salto qualitativo (tipo de uma semana para outra) na sua forma de se expressar.

Como todas as crianças, muitas e muitas vezes, só com a presença dos Tradutores Oficiais, se conseguia ter uma ideia aproximada do que ele queria dizer. Isto era algo que há bastante tempo me chateava, mas não me preocupava, visto que cada criança tem o seu "timing", no que à fala diz respeito.

Uma vez que ele entendia tudo o que se lhe dizia e não apresentou nunca nenhum atraso de desenvolvimento, era mesmo só algo que me chateava. A adaptação que todos os pais fazem a esta linguagem, também é capaz de não ter ajudado muito.

Ora bem, esses tempos estão quase passados e já só restam os clássicos problemas com o R (pronunciado em qualquer das suas variantes) e algumas (já poucas) omissões do L (especialmente quando são no início das palavras).

O ser humano só quer aquilo que não tem e só quer estar onde não está. E agora sinto-me um pouco nostálgico da "espanholada" do petiz. Como esses são tempos que nunca mais voltarão (pelo menos com ele), e como a nossa memória é curta, aqui ficam alguns exemplos (alguns bem difíceis de explicar), escolhidos a dedo, da linguagem do pequeno diabrete, para mais tarde recordar (ou não...)

- Pié (bicicleta);
- Móxoukida (coisa);
- Cóeia (colher);
- Bámanho (banho);
- Pa dentákua (exigência constante na praia, devido à sua adoração pela água);
- Picacú (esta fica só para mim...infelizmente);
- Canhanha (caneta);
- Bápi (lápiz);
- Miéme (referência inesquecível ao seu próprio nome. Também fomos logo arranjar um nome complicado de pronunciar - Guilherme);
- Gungum (inexplicável forma de se referir ao avô materno);
- Avô Vaiéia (forma mais perceptível de se referir ao outro avô);
- Ao Có namãe (forma "envergonhante" de solicitar colo à mãe....experimentem a ler rápido, vá...);
- Citónhé, Gunou ,Vóvagen e Cód (forma de se referir às marcas automóveis Citröen, Renault ,Volkswagen e Skoda. O miúdo fixa tudo e qualquer símbolo com uma facilidade incrível e, quer acreditem quer não, sabe as marcas de 95 % do parque automóvel à cerca de 1 ano. Tudo começou com a marca do meu carro - FIAT- e eu nem lhe ensinei nada... Identificava o "pópó nhú pai", nas suas múltiplas variantes e símbolos, com a maior das facilidades);
- Pico (frigorífico);
- Bigódi (forma inexplicável de se referir a um boneco que eu lhe adquiri, no ano transacto);
- Cago (carro);
- Áfa (garrafa, regra geral de água);
- Bexica (forma até bem perceptível de se referir ao Glorioso);
- Móquéco (boneco)
- Cuapto (Comando da Televisão)

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