A PàF ganhou. Ouvindo os discursos dos vários líderes todos ganharam, na verdade. A PàF porque ganhou, de facto, as eleições. Os restantes porque a PàF não ganhou a maioria absoluta e, logo, a esquerda está, de facto, em maioria no parlamento.
Seja quem for que tiver ganhado, o facto é que sem maioria absoluta a PàF não ganhou grande coisa. A verdade é que dias de instabilidade política se seguirão.
António Costa, que há uns tempos exigiu a demissão do outro António por ter tido uma "vitória poucachinha", diz que não de demite apesar da sua derrota.
Não vale a pena alargar-me muito sobre os "grandes". Todos sabemos o que daí vem. Durante 4 anos andou a esquerda a encher a boca tentando passar a imagem que o governo, eleito democraticamente e com maioria absoluta, não tinha legitimidade. Porque todos sabemos que os resultados só são legítimos quando ganha a esquerda - dona da verdade e da democracia. Actualmente existem 2 partidos, coligados, de direita que ganharam as eleições provando assim que, afinal, tinham legitimidade, e continuam a ter. E existem outros 3, não coligados, de esquerda, mas que agora estão com planos de se juntarem para ver se os que ganharam passam a perder, num total desrespeito, como é hábito da esquerda, pelos resultados democráticos. Quanto a outras reflexões:
O PAN elegeu um deputado. Não sei se as quase 75 mil pessoas que votaram PAN são vegetarianas mas espero que sim, caso contrário, se o PAN um dia for governo serão condenadas por homicídio se comerem carne. Também espero que sejam pessoas que querem trabalhar muito mais para possibilitar a existência do Rendimento Básico Incondicional para todos os que nascem no país, dado que muita gente, existindo tal, simplesmente deixaria de trabalhar. Logo, alguém o tem de fazer por eles e muito mais. Infelizmente acredito mais que quem quer que exista um Rendimento Básico Incondicional seja quem deseja trabalhar menos e não o contrário.
O BE duplicou o número de votos. Mais de 500 mil pessoas votaram no BE. Foram mais cerca de 200 mil pessoas do que em 2011. Mais 200 mil pessoas neste país acreditam que é possível uma política do Syriza a dar resultado. Mais 200 mil pessoas a achar que existem classes inferiores de pessoas, que existe gente com menos direitos, que não se deve ter direito à propriedade privada, à liberdade individual, a mandar na própria vida. Mais 200 mil pessoas neste país continuam a acreditar que é possível ter "sol na eira e chuva no nabal" e não pensam um bocadinho, nem admitem que alguém as mande pensar. Os da CDU acreditam exactamente no mesmo, mas pelo menos esses mantêm um número estável de eleitores. Já sabemos com o que contamos.
Por outro lado (mas igualmente problemático), os votos no PNR mostram que aumentou em 10 mil o número de portugueses apoiantes de políticas fascistas e nazistas. Mais 10 mil pessoas a achar que existem classes inferiores de pessoas, que existe gente com menos direitos, que não se deve ter direito à liberdade individual, nem a mandar na própria vida.
Assustador também, é o facto de o PS ter conseguido 32% dos votos... O partido que por três vezes nos levou à bancarrota, o partido que está com as mesmas pessoas que tinha em 2011 quando dele fazia parte um ex-primeiro-ministro que está encarcerado por nos roubar, consegue ainda convencer 32% dos portugueses que são o melhor para o país... Francamente tenho mais respeito pelos que acreditam que é possível "sol na eira e chuva no nabal" ou pelos que declaradamente e sem vergonha são fascistas e acham que existe gente com menos direitos que eles.
Positivo, ou mais ou menos, é o facto de o AGIR, com a Joana Amaral Dias à cabeça, que fez uma campanha absolutamente ordinária, que explorou a filha por nascer, não ter conseguido um único deputado. Não merecia. Pena que, mesmo assim, mais de 22 mil pessoas tivessem sido convencidas por tal ordinarice.
2 comentários:
E que tal falar sobre a abstenção ? Seria bem interessante tentar perceber o porquê de tão grande falta de interesse por parte de tão grande percentagem de eleitores...
Boa parte da abstenção deve-se à desactualização dos cadernos eleitorais. Há um desfasamento de mais de 1,5 milhões de pessoas que não aparecem no último censo mas aparecem nos cadernos eleitorais. Motivo? Faleceram. Mas como as juntas de freguesia têm verbas do Estado atribuídas pelo nº de eleitores, a actualização continua por fazer. 3º mundismos nacionais.
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