Nas notícias de hoje: apesar de compreenderem que o Estado preste apoio aos refugiados, as pessoas sem-abrigo de Lisboa dizem que o Governo não se pode esquecer delas.
Para quem afirma "podemos preocupar-nos com uns e com os outros" eu pergunto: "mas estamos a preocupar-nos "com os outros"? Há cerca de 4000 sem-abrigo em Portugal, para quem nunca se encontrou uma resposta social e fomos aceitando isso como uma realidade inultrapassável. Entre as "sopas"e os cobertores que fomos dando, a título individual, "nada mais" podia ser feito. O facto é que agora aparecem, de repente, e no mesmo país, condições para acolher 5000 pessoas, em casas mobiladas, com direito a alimentação, cuidados de saúde, roupa, escola gratuita e tudo pago por "nós" (em nome colectivo). Não me venham com o "ah nunca se preocuparam com os sem-abrigo, e agora usam-nos como desculpa da sua insensibilidade", porque não fazem ideia do que cada um de nós doa, doou ou faz pelos sem-abrigo. E se calhar é quem mais faz que mais confuso fica com o facto de, afinal, haver forma de retirar 5000 pessoas das ruas... desde que não sejam as nossas, desde que não sejam as que já cá estão. (e quem diz isto sobre Portugal, diz sobre todos os países da Europa... em todos os países há sem-abrigo e continua a haver porque "não há solução"... mas há para os "refugiados").
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