sexta-feira, dezembro 15, 2006

Recomendações de Natal…

É Natal, é Natal, e tal e tal...Vão para um livro e um filme:

O livro é "Máscaras de Salazar", de Fernando Dacosta, que, não sendo (nem julgo que tenha pretensões a isso) um livro sobre a história do Estado Novo, nos conta muito sobre as "estórias" do regime deposto a 25 de Abril de 1974. Relançado agora (julgo que a 1ª edição data dos anos 90), este livro traz-nos a pessoa por detrás do mito e o mito por detrás da realidade (ah, catano, se isto não me fez soar como um critico do Público vou ali e já venho).
O que impressiona nesta obra é a tentativa do autor de julgar ao mínimo os actos do regime para se focar em contar pequenos episódios (muitos deles completamente à margem do próprio Salazar – mas que servem para ilustrar a época) que marcam a vigência do homem nascido em Santa Comba Dão.
Eu, que felizmente sou completamente anti-totalitário e que tive a feliz ocorrência de já nascer numa democracia liberal, fiquei a saber muito mais do que sabia (que era relativamente pouco, confesso) sobre Salazar. E para um povo com tantos problemas com a memória era bom que, se calhar, se estivesse a discutir este livro e não o romance de cordel da ex-alternadeira de Reinaldo Teles.

O filme é "The Last Kiss" com (e de) Zach Braff, esse talento multifacetado do audiovisual (gostava de saber quantas carreiras na história do cinema/televisão chegaram aos 32 anos tão recheadas de coisas de tanta e tanta 'cólidade') um filme que nos leva a uma pancada forte sobre as relações conjugais e de como é completamente humano falhar.
É um filme que nos leva em direcções opostas na mesma cena, desde da comédia a la Scrubs à tragédia em poucos segundos.
Quem estiver à espera de um Braff a la John 'J.D.' Dorian, desengane-se. Este é o trabalho onde Braff se mostra mais por fora do mundo da comédia e, na minha humilde opinião, onde ele está maior. Provando que aquela coisa psicadélica que passa na NBC faz apenas parte do seu imenso talento, e que daqui a 20 anos falaremos dele como hoje falamos de, vá, um Vítor Espadinha à americana.

Sem comentários: