Den end nau...All in the family!
Quem não se recorda desta série, que em português ficou conhecida como "Uma família às direitas"? A mais politicamente (e tudo o resto) incorrecta que saiu dos Estados Unidos nos anos 70 (1971-1979), foi das mais aplaudidas e premiadas de sempre mas também das que mais controvérsia lançou devido, em ambos os casos, a uma das personagens mais odiosas em toda a história da televisão, o racista/sexista/moralista (e muito mais coisas a acabar em ista) Archie Bunker.
O actor que lhe dava corpo, Carroll O'Connor, foi apontado de tudo e mais uma coisa. Desde simpatizante do Ku-Klux Klan a pior, tudo por causa de uma personagem que, nas palavras do seu "genro", era praticamente a antítese do próprio actor. Carroll vestiu a pele de Archie durante 12 anos, dado que, entre 1979 e 1983 ainda fez a série "Archie Bunker's Place", que acabou por ser cancelada. A sua vida foi abalada pela doença (diabetes) e pelo suicídio do seu único filho, o também actor Hugh O'Connor, com quem contracenou na série "In the heat of the night". Após ver a sua vida destruída pelo uso de drogas, Hugh disparou um tiro na cabeça, enquanto falava com o pai ao telefone. Carroll acabaria por falecer a 21 de Junho de 2001, poucos dias depois de ter aparecido num dos últimos episódios da série Doido por Ti, onde fazia o papel de pai de Jamie Buchman (Helen Hunt). Vitima de problemas de coração e com a idade de 77 anos, "Archie" ficou a apenas um mês de comemorar as bodas de ouro do seu casamento.
E, se o marido era odiado, o mesmo não se poderá dizer da submissa e "afinada" esposa da série, Edith Bunker, carinhosamente apelidada pelo marido de "dingbat" (sem tradução...)? A actriz Jean Stapleton, agora com 82 anos, foi estrela de musicais (imagine-se, com aquela voz de rouxinol esganado) antes de enveredar pela carreira televisiva. Em 1984, foi-lhe oferecido o papel de Jessica Fletcher na série "Crime disse ela," que recusou. Ficará para sempre recordada pelo incrível número musical na abertura de cada episódio de "All in the Family".
Já quanto ao casal mais novo lá de casa, a filha e o genro do irascível Archie, podemos dizer que estão...um bocadinho de nada diferentes. A minúscula (1,55m) Gloria Bunker, ou Sally Struthers, agora com 57 anos continua a fazer teatro e, pela imagem do link...muitas plásticas, e o seu esposo de ocasião, Michael Stivic (Rob Reiner), o "meathead" (traduzido para cabeça-de-abóbora, vá-se lá saber porquê), meio-judeu, meio-hippy e "meio-amado" pelo sogro até à exaustão das alcunhas com que o presenteava, tem agora 58 anos. Além de actor, realizou filmes como A few good men (1992) e When Harry met Sally (1989), o da famosa cena do orgasmo à mesa de Meg Ryan, para o qual muito contou (o filme, não o orgasmo) com a ajuda do seu grande amigo Billy Cristal, além de colaborar assiduamente com Stephen King. Dirigiu igualmente o mítico documentário sobre os Spinal Tap (This is Spinal Tap, em 1984), o que só por si merece que lhe façamos uma vénia.
Por isso, e em homenagem à memória de Carroll, cantemos todos, de preferência um pouco mais afinadamente (ou então não...):
"People seemed to be content, fifty dollars paid the rent.
Freaks were in a circus tent, those were the days"
"Hair was short and skirts were long, Kate Smith really sold a song.
I just don't know what went wrong, those were the days"
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