Fim de tema
Temos todos assistido, nestes últimos dias, a horas e horas de comentários e mais comentários em relação à eleição do Papa Bento XVI.
Tenho ouvido coisas que me fazem muita confusão. Quase todos os órgãos de comunicação social, assim como várias figuras públicas, o classificam como tratando-se de alguém ortodoxo e conservador. E o mais grave é que essa ideia se está a instalar, na opinião pública, como algo de adquirido. A grande maioria das pessoas que tenho ouvido comentar, na rua, fazem uma cara de rejeição e lançam para o ar uma classificação sem sentido, sobre o referido senhor.
Em primeiro lugar, quero referir que muito pouco me interessa quem é o novo Papa. Em nada vai mudar a minha vida. Tanto me faz se ele é alemão, chileno, português, italiano ou chinês. Não acredito em nenhum ente superior, muito menos em representantes do mesmo, ainda que supostamente "eleitos" com a sua ajuda divina.
Tenho para mim que toda, ou quase toda, a estrutura dirigente da Igreja Católica Romana é essencialmente conservadora. Portanto não compreendo de todo porque carga de água rotulam, de imediato, alguém que possivelmente nem conhecem, como tal. Para mim, todos aqueles 115 "papáveis" são uma cambada de inúteis (sim, eu sei que é uma afirmação dura e muito forte, mas é o que eu penso na realidade), que dirigem uma instituição secular, mas que está, há muito e muito tempo, completamente desfasada da realidade.
O papa que recentemente faleceu, que foi sempre apontado como um "liberal", para mim faz parte da mesma cepa, apesar de o ter em conta de "boa pessoa". Pelo menos tinha um ar simpático, mas tenho a apontar-lhe algumas coisas que para mim não fazem sentido nos dias que correm:
- Não compreendo porque raio condenou o uso de métodos contraceptivos (e por consequência quase que incentivava a propagação da SIDA);
- Porque carga de água, não permitiu a igualdade entre homens e mulheres face ao seu Deus (não permitindo que as mulheres celebrem missas, por exemplo);
- Porque raio não deixa a Igreja de uma vez por todas de basear toda a sua acção em exemplos de miséria e de sofrimento? Não que isso em si seja mau, nem defendo que se deva "tapar o Sol com a peneira", mas às tantas até parece que dá jeito que continuem a existir estas situações;
- Isto para já nem falar dessa aberração, que são os votos de Castidade e de Celibato, que para mim, não fazem nenhum sentido e fazem com que certas necessidades básicas de todo o ser humano não sejam satisfeitas. Surgem assim muitos e muitos casos de hipocrisia, de desvio para outras áreas de potenciais excelentes servos do "Senhor", casos de luxúria por parte de elementos do clero (este é um clássico com séculos de existência) etc.;
- A posição da Igreja Católica Romana em relação à sexualidade humana, é no seu todo profundamente aberrante (sim, estou de novo a usar este adjectivo, mas é de facto aquilo que melhor classifica a situação...).
Não condeno de todo a posição da Igreja Católica Romana em relação à interrupção voluntária da gravidez, apesar de não me rever nela. Mas talvez este tema seja a excepção que confirma a regra.
Agora apelidarem o Cardeal Ratzinger de "ortodoxo", "conservador", e ainda mais ridiculamente de "nazi", de "pastor alemão" e/ou de "Rottweiler", chegando até ao inimaginável, acho algo de estúpido. O homem é tão ou mais conservador como todos os outros que o rodeiam. Pura e simplesmente não se consegue adaptar à velocidade dos tempos. Caso contrário o número de fiéis não parava de diminuir, em países como o nosso...
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