Mais azia...
Tenta hoje o "crítico" jornaleiro Miguel Sousa Tavares, na sua coluna de opinião d'A Bola, Nortada (só amanhã deve estar disponível online), mais a frio, encontrar justificações para a inesperada (para ele) derrota do seu tão-amado FêCêPê no Jamor, mas acaba por cair nos mesmos disparates que até agora vieram a lume.
Se numa primeira parte admite, e correctamente, que o futebol se deve comportar como uma democracia, e que é salutar o Benfica ter sido o vencedor da contenda, dando até os parabéns ao "Glorioso", resvala quase de imediato para justificações nada democráticas e que mais parecem as que o PCP utiliza, aquando das eleições, para justificar as suas "vitórias".
Eis algumas transcrições do que li, e que me custa ainda a acreditar que possam ser proferidas por uma pessoa que calculo que tenha um Q.I. com mais de dois dígitos. Para ele são justificativas da falta de mérito do vencedor:
"Para começar, o Benfica não merecia ter chegado à final, depois de um percurso em que, ou ficou isento ou jogou sempre em casa, em contraste com o FCP, que eliminou Boavista, Braga e Rio Ave fora de casa"
Dando de barato que o Benfica é uma equipa que joga muito pior em casa do que fora (pelo 2º ano consecutivo é a equipa da I Liga com mais pontos, mais golos marcados e menos sofridos, na condição de visitante), se bem me lembro o Benfica foi eliminar a Académica, jogando em Coimbra...e se bem me lembro, o Benfica só jogou com equipas da I Liga (o meu querido Estrela da Amadora, a Académica, a revelação Nacional da Madeira e o Belenenses). E se bem me lembro também, o FCP eliminou o Boavista, jogando no Estádio das Antas (e não fora como é referido) com vitória por 1-0. E, se bem me lembro, quando o Benfica ficou isento (por capricho do sorteio), o FCP defrontou a "poderosissima" equipa do Vilafranquense, em casa... Para já não falar da eliminatória, em que quase viram a "vida a andar para trás", quando em pleno Estádio das Antas, o Maia foi a melhor equipa em campo durante largos períodos do encontro, enviando 4 (quatro) bolas aos travessões da baliza de Nuno... E se bem me lembro, anda-se a investigar a actuação de Martins dos Santos no jogo em que este eliminou, perdão, em que o FCP eliminou o Rio Ave. Mas, para MST, não se passou nada disso. E só os percursos teoricamente difíceis (para ele) são merecedores de estar presentes.
"Olho para a estatística do jogo e, em tudo o que interessa, o Porto foi mais do que o Benfica: posse de bola, ataques, em cantos, em bolas à trave."
MST, para além de te teres esquecido de 3 estatísticas que são importantes e em que o Porto também foi mais do que o Benfica (cartões amarelos, cartões vermelhos e cartões vermelhos por mostrar), esqueces-te da única estatística que realmente interessa na irracionalidade que é o futebol: GOLOS VALIDADOS!!!
"Depois daquele quarto de hora inicial, em que o Benfica podia e merecia ter acabado com um ou dois golos de vantagem... , ...E se o Benfica sem ter criado por si uma única oportunidade conseguiu nos 105 minutos restantes, virar o resultado..."
Caro MST, abre os olhos! Então, quando se criam oportunidades que não se concretizam, está tudo bem, mas quando em mais duas ocasiões se marcam dois golos, já não é nenhuma criação per si? Então foi o quê? Foram os jogadores do FCP que meteram as bolas dentro da baliza? Foi o árbitro?
"Grandes exibições de jogadores do Porto: Paulo Ferreira que tirando dois lances iniciais, secou por completo o Simão; o Ricardo Carvalho, inultrapássavel, como de costume; o Nuno Valente, excepção feita à agressão ao Giovanni, já no prolongamento, e que merecia vermelho directo; o Derlei e obviamente o Deco"
Mais uma vez, caro MST, quanto ao Deco e ao Ricardo Carvalho, assino por baixo. Mas se bem me recordo, não foi o Simão que marcou o golo decisivo? Onde estava o "secador"? Na gaveta da cómoda? Ah, já me recordo. Cortou a bola para trás, em vez de a enviar para canto, que era o que afastava de imediato o perigo naquela situação, e foi colocá-la à disposição do tal jogador que ele teria que "secar". O Nuno Valente? Grande exibição? Fui ver o jogo e não posso concordar. Para mim, foi apenas mediano. Mas ainda bem que concordamos na expulsão por concretizar. Pena que as de Maniche e de Derlei passem impunes perante tão abalizado olhar...
"Lúcilio Baptista... é de um caseirismo indisfarçável, mau tecnicamente e com um critério disciplinar comandado pela bancada."
Ainda bem que reconhece isto, caro MST, porque assim já não sou só eu a recordar-me que foi ele o "assoprador de apito" do FCP-Benfica da 1ª volta do campeonato, em que a equipa da casa deveria ter ido para intervalo com 9 jogadores de campo e que, para além disso, acabou por expulsar um jogador encarnado, em mais um "mergulho para a piscina" do famoso "nadador mágico". Espero que a palavra caseirismo não esteja a ser aqui usada no sentido de que o Benfica estava a jogar em casa...
"...porque o Benfica não a mereceu ganhar pelo que jogou e, mais uma vez, fiquei com a ideia clara que, se o árbitro e o Estádio não fossem do Sul, outro galo cantaria. Se não acreditam, submetam-se à experiência".
Pronto, já faltava a conversa dos "mouros". Afinal estava errado! O caseirismo era usado para conotar o Estádio Nacional ao Benfica. Se calhar era melhor jogar esta final no Estádio do Dragão, apitado por Martins dos Santos (que se retirou esta época e que merecia ter apitado esta final, como prémio de bons préstimos, uma vez que nunca o seu adorado FCP perdeu um só jogo por ele apitado, durante a sua longa carreira)? Sobre o seu repto, vou recordar MST de uma coisa. Onde estavas no dia 21 de Agosto de 1983? Não estarias no Estádio das Antas? É que nesse dia, apitado por Porém Luís (AF Santarém), jogaram a final da Taça, as mesmas equipas e o vencedor foi o mesmo (1-0, golo de Carlos Manuel, num frango monumental do malogrado Zé Beto). Portanto, acho que não vale a pena mais experiências.
Um último conselho, para este tão parcial e reputado "opinion maker":
O pior cego é o que não quer ver!
PS: Ficasse a tua análise pelas primeiras 28 linhas e este post seria sobre um sincero aplauso ao desportivismo.
PS2: Essa final de 1983 foi disputada nas Antas (que foi o palco escolhido, muito tempo antes de se saber quem seriam os finalistas), como uma tentativa do presidente de então da FPF angariar os votos da A.F. Porto para a sua re-eleição (que não veio a ocorrer) no cargo. O jogo foi transferido para o início da época seguinte, uma vez que o local da sua realização foi motivo de acesa discussão entre os dois clubes, com ameaças mútuas de falta de comparência. É sempre bom ver que os métodos usados ainda continuam basicamente a ser os mesmos...
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