A posição dos jornalistas e dos blogs

Alertada pelo Mar Salgado, fui ler o editorial do Público de hoje, escrito pelo director José Manuel Fernandes.
Com o título «Baixas de Guerra» este editorial fala da posição assumida pelos vários órgãos de comunicação social durante a guerra do Iraque e tenho de aplaudir as frases que o José Fernandes associa ao Público: "no jornalismo a objectividade é uma utopia, pois nenhum jornalista, mesmo quando redige o que deve ser apenas uma informação seca e directa, não deixa de ser uma pessoa, um ser humano o mais completo possível, com o seu olhar único sobre aquilo que descreve" e ainda "procuramos construir a nossa objectividade a partir de diferentes subjectividades".
Sim, o jornalista é uma pessoa. Tem opiniões e olhares sobre as coisas. Cada vez mais se individualiza o jornalismo e se permite que os jornalistas tenham e mostrem a sua opinião. Claro que isso leva a exageros que vamos vendo hoje em dia (como uma Manuela Moura Guedes a meter a colher em tudo quanto é notícia), mas julgo que, na medida certa, pode trazer vantagens.
O jornalista sempre escreveu uma notícia mediante o seu ponto de vista (por muito imparcial que pretenda ser), mas raras vezes o assumiu. Hoje vai-se assumindo e o público vai aceitando isso e considerando normal (por isso uns gostam mais de uns jornais e outros de outros).
Julgo que o sucesso dos blogs se prende muito com este aspecto. Muitos blogs reescrevem as notícias publicadas nos jornais e dão uma opinião sobre as mesmas. Ao que me parece (e analisando por mim), eu gosto de ler uma notícia que depois tem uma opinião com a qual eu concordo. Deixo de ler os blogs que demonstram posições diferentes das minhas e fico-me por aqueles que demonstram uma forma semelhante à minha de encarar a vida. Talvez isso se passe um pouco com todos nós. Por isso uns decidem ser leitores de blogs políticos, de esquerda ou direita, outros de blogs de humor e outros decidem ler o desBlogueador de conversa (que decisão tão deprimente).