domingo, fevereiro 08, 2015

Um país impedido de fazer o luto que perdeu o seu caminho

A 8 de Fevereiro de 1908 era assassinado, cruelmente e à frente dos seus admiradores, um rei e um muito jovem e promissor príncipe. O irmão mais novo sofreu ainda a tentativa de assassinato sendo atingido pelas balas.
Este muito jovem, e pouco preparado, príncipe subiu ao trono mas pouco lhe foi permitido fazer pois os assassinos e seus apoiantes, passado pouco mais de dois anos, tomaram o país. País que viu a sua família real ser expulsa, à lei da bala, sob ameaças de morte.
Os cobardes assassinos tomaram o país, mudaram-lhe o nome de Reino de Portugal para República portuguesa, para que dúvidas não houvesse que não era o país, Portugal, que interessava, que a República a nós não pertence e sim que o país pertence à mesma. A portuguesa, com letra minúscula, é a República, de Portugal era o Reino.  E proibiram qualquer referência à família que tantos portugueses amavam, e perseguiram monárquicos e religiosos. E matavam, ameaçava e/ou retiravam o rendimento a quem desobedecesse.
Às crianças foi ensinado o ódio ao rei, foi ensinado que os assassinos foram heróis. Quem matou foi um herói porque matou um rei e um jovem príncipe que tem de ser odiado. E matou à frente de quem não queria ver, Tal como hoje em certas zonas Árabes se ensina o ódio aos "infiéis" e que matá-los é o correcto.
E assim evoluiu o país. Neste espírito de ódio por quem governa, pelos "patrões", pelos reis, e inveja aos ricos, aos que têm mais que nós e a sensação de que é injusto que se nasça em berço diferente, e quem nasce melhor tem, à partida, culpas pela infortuna alheia.
E os que queriam chorar, não puderam fazê-lo. E, pouco depois, entrou-se numa ditadura de quase meio século.
Enquanto as monarquias europeias, que ainda existem, permaneceram o seu caminho de liberdade, respeito, democracia que se foi conquistando devagar e consistentemente, alcançando uma qualidade de vida superior, sendo hoje exemplos do que deve ser uma democracia; a república portuguesa (à semelhança da maioria das outras), passou por instabilidade política, ditadura e voltou à instabilidade. Nunca se encontrou e nunca recuperou o seu "tom", o seu caminho.
Matou-se um rei, um jovem príncipe e impediu-se o povo de fazer o luto e de continuar a amar o que era seu.

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