terça-feira, julho 15, 2003

Mulheres

«Não escolhi, fui escolhida»

Começo por Eunice Muñoz porque é portuguesa, porque está viva e porque é um símbolo do teatro nacional.
Eunice nasceu em 1928 no seio de uma família onde a tradição teatral estava bem enraizada. Aos 5 anos ingressa a companhia formada pela própria família cantando canções como "uma porta e uma janela".
No dia 28 de Novembro de 1941, Eunice sobe pela primeira vez ao palco do Teatro Nacional D. Maria II, para interpretar a Isabel da peça Vendaval, posta em cena pela companhia Rey Colaço Robles Monteiro. Nesta peça chama a atenção de João Villaret e desperta o interesse de Amélia Rey Colaço (actriz principal da peça).
No Verão de 1944 deixou o Teatro Nacional para passar a representar farsa e opereta.
A 28 de Julho de 1945 prestou as provas finais no Conservatório obtendo uma classificação de 18, passando a ser reconhecida como um dos grandes nomes do teatro nacional.
Em 1947 casou-se com o arquitecto Rui Couto e declarou querer trocar o teatro pelo cinema.
Tendo participado em vários filmes, voltou aos palcos em Novembro desse mesmo ano.
Em 1951, cansada da vida de actriz, e de não ter conhecido outra, retirou-se dos palcos e tornou-se caixeira numa loja de cortiça.
Mas, a 9 de Novembro de 1955, a paixão falou mais alto e Eunice regressou aos palcos no Teatro Avenida.
Afastou-se novamente após o nascimento do filho, voltando em 1957 no Teatro da Trindade integrando a companhia Teatro Nacional Popular.
Em 1965 aceita o desafio de integrar a Companhia Portuguesa de Comediantes, representado duas sessões diárias e matinée ao Domingo.
Quatro anos depois, em 1969, funda, com José de Castro, a companhia «Somos dois» e levou a efeito uma longa tournée por Angola e Moçambique.
Voltou em 1971, ingressando novamente a companhia Rey Colaço Robles Monteiro. Seguiu-se o Teatro Experimental de Cascais e mais uma tournée por Angola e Moçambique.
Voltou a Lisboa em 1974 e aos palcos em 1976.
Entre várias interrupções Eunice Muñoz é, sem dúvida, um símbolo da arte de representar com paixão, dedicação e entrega total. Sobre a sua carreira afirma: «Não escolhi, fui escolhida». É assim uma lenda viva do teatro que celebra, este ano, 70 anos de carreira.

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