Há dias entristecia-me com o facto de um miúdo, que foi cantar aos ídolos, estar a ser psicologicamente agredido pelo país inteiro. Grande parte da população, quais bullies, ria e gozava com a "falta de noção" e as orelhas do rapaz. O facto de o rapaz estar a entrar em depressão, serviu apenas para fazer mais algumas capas de revista (e aumentar as vendas) e subir o tom do gozo...
Dias depois a procuradora-geral da república vem defender os procuradores que comentaram o caso do Sócrates em tom de brincadeira, falando de liberdade de expressão. A esta defesa a ex-mulher do Sócrates vem afirmar, no facebook, que no mesmo facebook não se pode dizer mal dos outros, e as palavras que usou para fazer a defesa desta sua ideia foram estas:
Pelos vistos não se pode dizer mal dos outros, desde que os outros sejam "nossos".
O mais recente episódio de "faz o que digo, não faças o que faço" vem da Figueira da Foz, onde um grupo de bullies esteve a agredir um miúdo "da paz" durante, pelo menos, 13 minutos. A população, e bem, indignou-se contra a violência física e psicológica, mas as suas indignações passam por ameaçar os atacantes, em especial uma delas, com palavras como: "Haviam de morrer todos" ou "minha puta, se eu te apanhasse levavas tantas na boca que te partia os dentes todos".
O programa "Ídolos" passa em muitos países, não conheço nenhum outro que tenha uma rubrica para gozar com os concorrentes. Concorrentes esses que já estão numa situação de grandes nervos e ansiedade. Tenham ou não "noção", não nos cabe a nós deitar na lama a pessoa. As críticas deviam ser apenas e só construtivas. Não tem jeito para cantar, não tem imagem para aparecer. Tente outra coisa. Mas pelos comportamentos dos casos seguintes percebe-se o porquê de um programa que faz isso às pessoas ter audiências.
Todos nós fomos vítimas ou testemunhámos casos de agressões, físicas e psicológicas, nas escolas. Sempre existiram, sempre estiveram erradas. Há milhares de agressores por esse país fora. Mas em vez de criticarmos o acto dos agressores deste caso particular, em vez de pedirmos que a justiça funcione e eles sejam punidos, em vez de exigirmos que os pais os eduquem e os vigiem, passamos nós a ser os "agressores" e a querer "pagar da mesma moeda"; "olho por olho"... Criticamos muito os muçulmanos e a sua sharia, mas infelizmente parece-me que muita gente gostaria de a seguir neste país.
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