Ideias peregrinas
Nos últimos anos o mundo perdeu alguns dos melhores ditadores, em actividade ou reformados, das últimas décadas. Num curto espaço de tempo, desapareceram de cena Slobodan Milosevic, Augusto Pinochet e Saddam Hussein. O "eterno" Fidel Castro apresta-se a fazer companhia aos anteriores e George W. Bush está praticamente de saída. Mas ainda há esperança para a comédia ditatorial, principalmente na pele de dois novatos na matéria, o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, o norte-coreano Kim Jong-il e o venezuelano Hugo Chávez. E se os dois primeiros atravessam actualmente uma fase de maior apagamento mediático, o popular ditador sul-americano continua a surpreender meio mundo com as suas tiradas e medidas, no mínimo, originais. As duas últimas são elucidativas, o envio de latas de atum para as povoações do Peru afectadas pelo recente terramoto com...a cara de Chávez impressa e a frase "Perante as pilhagens, o desespero e o caos, solidariedade com os nossos compatriotas". Ao lado de Chávez aparece a imagem de Ollanta Humada, líder da oposição peruana e apoiante incondicional do estilo do venezuelano, que é suposto ter financiado a sua recente, e derrotada, candidatura presidencial. Como é óbvio, tanto Chávez como Humada negaram ter qualquer relação com o atum.
Ainda mais recentemente, no seu programa de rádio "Alo, Presidente", de 7 (sete) horas de duração, anunciou que vai alterar a hora oficial do seu país, adiantando-a em meia hora, a partir de 1 de Janeiro de 2008, com explicações teóricas e científicas sobre o efeito metabólico de tal medida. Isto em "debate" com o seu ministro da Ciência e Tecnologia, Hector Navarro, que afirmou que esta mudança iria beneficiar "todos os venezuelanos nos seus trabalhos e estudos". No mesmo programa, e dado que havia tempo de sobra, Chávez anunciou igualmente a intenção de construir diversas ilhas artificiais ao longo da costa venezuelana para acolher cidades, bases de submarinos, centros de pesquisa científica, e instalações de petróleo e extracção mineira.
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