quinta-feira, julho 06, 2006

Portugal-França (tentando não passar do 80 para o 8)

Figo e Zidane quase de saída...Um dia depois, e com as ideias mais fixas e acima de tudo mais frias, cá vai disto:

- Perdemos mais uma vez com "os do costume". Na minha vida, já vi a nossa selecção em 4 meias-finais e em 3 delas fomos "despachados" sempre pelos mesmos. Curiosamente acho que ontem, foi o jogo em que tínhamos mais hipóteses de conseguir um resultado positivo, mas foi aquele em que demos menos luta. A partir do golo francês, muito poucos motivos de preocupação causámos aos franceses;

- Pareceu-me que as duas equipas fisicamente estavam de rastos. A meio da 2ª parte houve um contra-ataque francês, com um passe de primeira, felizmente mal medido, de Zidane para Thierry Henry, que mais parecia um lance de 2ª parte de prolongamento, tal a quantidade de jogadores que não recuperaram defensivamente;

- O jogo foi decidido com um penalty, que deixa a sua azia. E deixa a sua azia, porque foi contra nós. Porque se fosse ao contrário, se calhar toda a gente (eu inclusive) o achava inquestionável. Há ali muito teatro. Houve, de facto um toque no avançado francês, mas ele aproveitou-se claramente da situação (como fazem 95% dos jogadores que actuam na sua posição) e desmanchou-se em 1000 pedaços num ápice. No entanto, devemos aceitar a sua marcação. Não se deve apontar o dedo ao árbitro neste lance. Houve contacto. Foi suficiente para provocar aquela queda? Julgo que não. Deve-se acusar o jogador francês de simulação? Também julgo que não. Naquela situação não haveria um único jogador que não fizesse o mesmo (e se fosse um nosso, lá vinha a conversa da experiência). O futebol é mesmo assim e devemos aceitar a coisa como ela é;

- Mais uma vez, demos razão a todos aqueles que nos apontam como simuladores e outras coisas que tais. Não gostamos de ser acusados disso mesmo, mas para nos podermos insurgir decentemente contra essas acusações, não deveríamos dar a mínima chance nesse capítulo. Infelizmente, ontem não foi esse o caso. Houve pelo menos 6 lances (Cristiano Ronaldo na grande área, Miguel, Costinha, Hélder Postiga, Pauleta e Cristiano Ronaldo de novo) em que os jogadores pura e simplesmente tentam enganar o árbitro, em vez de se preocuparem em jogar futebol. Meus amigos, não sei se era do cansaço, mas não deveríamos enveredar por este caminho, sob pena de no futuro continuarmos a sofrer do "Síndroma João Pinto" - quando existe de facto motivos para a marcação de faltas, os árbitros optam pelo mais seguro, ou seja, "estes tipos estão sempre a fingir";

- O jogo foi fraco (não tanto como o Portugal-Inglaterra). Não demonstrámos capacidade para inverter o rumo dos acontecimentos. 60 minutos é tempo mais que suficiente para marcar, pelo menos, um golo. E nesse período de tempo, criámos 2 oportunidades de golo (Pauleta e Figo). Parece-me curto, muito curto. Basicamente não estivemos à altura do acontecimento (em termos de futebol praticado, note-se) e só por isso o resultado é justo. Ou seja, numa situação em que era necessário marcar, a nossa produção ofensiva foi muito muito reduzida (tal como já se tinha visto no jogo contra os ingleses, em que passámos mais de uma hora a jogar contra 10 e nos cabia a obrigação de tentar evitar a lotaria dos penalties). Neste aspecto, acho que Scolari (ou quem vier substitui-lo), deve pensar seriamente em renovar os nossos pontas de lança. Pauleta é extremamente eficaz contra o Kuwait, o Luxemburgo e a Estónia, mas contra equipas de top Mundial tem um golo marcado (contra a Holanda). Hélder Postiga é um jogador que não acrescenta absolutamente nada e gostava de saber porque carga de água o Nuno Gomes ontem nem aqueceu. Julgo que neste departamento, em que nunca fomos muito fortes, exige-se a chamada renovação, sob pena de continuarmos a claudicar nestas provas, por apresentarmos jogadores facilmente anuláveis nesta posição;

- Ridículos os comentários da SIC, ao vislumbrar uma grande penalidade sobre o "mergulhador" Cristiano Ronaldo, assim como muitas das primeiras apreciações de outros "mergulhos" dos nossos jogadores;

- Espero que a partir de hoje, desapareçam todos os comentários parvos que foram feitos ao árbitro, por treinador e jogadores no final da partida, que a meu ver, não teve influência nenhuma no resultado, inclusive com essa questiúncula dos cartões amarelos. Tudo bem que deveria haver critérios uniformes, mas parece-me que quem esteve claramente com o "passo trocado", foi o Russo e não este Uruguaio e muito menos o Argentino do jogo contra a Inglaterra. Não é por aqui que perdemos o jogo. Perdemos o jogo, porque não conseguimos criar jogo (e acima de tudo oportunidades de golo) de qualidade suficiente para inverter o rumo dos acontecimentos. Tão simples como isto. Espero que a frio todos tenham a clarividência de verem o erro que cometeram;

- Sem sentido também algumas acusações de perda de tempo por parte dos franceses. Só quem não vê regularmente futebol, pode atirar com isto para o ar. Faz parte da coisa, meus amigos. Anti-jogo? Se fosse ao contrário era o quê? Experiência? Controlo do jogo? Jogar com o relógio?Razões para a derrota, devemos encontrar, neste jogo, em nós próprios e não no adversário ou no árbitro.


De qualquer das formas, esta participação vai ser um resultado histórico. Parabéns a todos os envolvidos nesta participação. Ainda vamos sábado discutir o 3º lugar, que para mim será um jogo com pouco ou nenhum interesse e deveria desaparecer da competição. Tendo em conta aquilo que eu vi ontem, permito-me sugerir ao xôr Scolari o seguinte 11 inicial:

- Ricardo; P.Ferreira, Ricardo Costa, F.Meira e Nuno Valente; Petit e Maniche; Simão, Tiago e Cristiano Ronaldo; Nuno Gomes

PS: Único dado positivo deste resultado. Podemos ainda ganhar o último jogo, dado que "conseguimos evitar" os italianos.

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