No Brasil, por disposição do Formulário Ortográfico de 1943, as consoantes etimológicas finais de sílaba (implosivas), quando não articuladas - ou seja, quando «mudas» - deixaram de se escrever. Em Portugal, no entanto, em conformidade com o texto do Acordo de 1945, continuaram a ser grafadas sempre que se seguem às vogais átonas a (aberta), e ou o (semi-abertas), como forma de indicar a abertura dessas vogais. Por uma razão de coerência, mantêm-se tais consoantes em sílaba tónica nas palavras pertencentes à mesma família ou flexão.
Essa forma de distinguir, no português europeu, as pretónicas abertas e semi-abertas, não se justifica no português do Brasil em cuja pronúncia-padrão não há pretónicas reduzidas tendo-se as vogais nesta posição neutralizado num a aberto e num e ou num o semifechados. Daí escrever-se em Portugal: acto, acção, accionar, accionista, baptismo, baptizar, director, correcto, correcção, óptimo, optimismo, adoptar; e no Brasil: ato, ação, acionar, acionista, batismo, batizar, diretor, correto, correção, ótimo, otimismo, adotar, adoção.
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Finalmente há casos em que se verifica uma oscilação em ambas as variantes do português e nos quais a ortografia brasileira (e não a portuguesa) admite grafias duplas: aspecto / aspeto, dactiloggrafia / datilografia, infecção / infeção, etc.
In NOVA GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS CONTEMPORÂNEO de Celson Cunha e Lindley Cintra
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