Nasci pouco depois do 25 de Abril. Ainda bem. Não gostava de ter nascido antes. Não gostava de viver num país onde tinha medo de abrir a boca. Não gostava de viver num país onde a minha personalidade liberal me levaria à cadeia. Não gostava de viver num país onde as mulheres eram cidadãos de terceira e os homens de segunda. Não gostava de viver num país sem direito de voto ou de opinião. Não gostava de viver num estado anti-liberal e anti-democrático.
A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos. - Winston Churcill
O 25 de Abril trouxe-nos a liberdade de expressão e de voto, valores dos quais não abdico, mas não nos trouxe a liberdade económica nem a liberdade individual. Se antes o Estado era dono do que dizíamos e de todas as decisões, agora o Estado é, dissimuladamente, dono de nós, só não é dono do que dizemos e do que pensamos. Tudo o que "temos" não é nosso, é do Estado, numa dimensão muito superior ao que já acontecia durante o salazarismo. Sobre tudo pagamos imposto numa tentativa ridícula e vã de "igualdade".
Liberdade, Igualdade, Fraternidade... São os valores de Abril, princípios "roubados" à revolução francesa e os que nos têm levado a tomar, umas atrás das outras, decisões que nunca nos irão tornar iguais, que nos tornam cada vez mais egoístas e menos fraternos e, inevitavelmente, nos roubam a liberdade.
Não pode existir liberdade sem existir liberdade económica - Margaret Thatcher.
É este princípio que tem sido negado desde sempre, no nosso país. Não a havia durante a ditadura anti-liberal, não há agora neste período onde a palavra "liberdade" assusta aqueles que se afirmam democratas.
Com o salazarismo havia proteccionismo. O Estado protegia-nos do estrangeiro, protegia o que era nacional, e "protegia-nos" de termos de pensar. Agora há proteccionismo porque o Estado nos protege de nós mesmos, quer queiramos quer não, roubando o nosso poder de decisão e roubando-nos as consequências daquilo que gostaríamos de decidir e não podemos.
Fizemos uma revolução e desenvolvemos o país mais rapidamente (com dinheiro que não era nosso, caso contrário teríamos de demorar mais), deixámos as pessoas falarem e escreverem e andarem livremente na rua. Demos o direito à greve e à manifestação. E tentámos desenvolver, ainda mais, as infraestruturas que já não precisávamos de desenvolver. Ficámos dependentes do emprego estatal, do subsídio estatal, da obra pública. Passámos a sentir que tínhamos o "direito adquirido". Adquirido, nem sabemos como, ou porquê, mas dizemos que sim, que foi para isso que "lutámos" e "derrubámos" barreiras. E um dos direitos que adquirimos foi o direito de ter direitos sem deveres. Fomos 3 vezes à pré-bancarrota. Estivemos 3 vezes sob intervenção externa.
Alcançámos muitas coisas com o 25 de Abril. O direito à educação gratuita, à saúde gratuita, ao voto, à greve, à manifestação. A protecção laboral. Temos uma das constituições que mais direitos garante... mas não alcançámos uma mudança de mentalidade que muito necessitávamos. Não perdemos o medo da liberdade, nem sabemos a definição da mesma ou de ser democrata e justo. Achamos que ser livre é ter direitos quando ser livre é exactamente o contrário, ser livre é ter responsabilidades e enfrentar as consequências do que decidimos livremente. Ser livre é não ter uma rede que nos segura a queda, mas que também nos impede o voo. Liberdade é algo muito diferente daquilo que os "abrilistas" apregoam. Liberdade é não roubar os outros porque nos achamos no "direito" de ter tanto quanto eles. Liberdade é, como disse Margaret Thatcher, o direito do homem de trabalhar de acordo com a sua vontade, de gastar aquilo que ganha, de ser proprietário, de ter o Estado como seu servidor e não como seu dono. Esta é a essência da liberdade, da livre economia "e todas as outras liberdades dependem desta". Só compreendendo isto poderemos fazer "cumprir os valores de Abril".
Liberdade significa responsabilidade, por isso tanta gente tem medo dela. - George Bernard Shaw
Sem comentários:
Enviar um comentário