Onze de Setembro de Dois Mil e Um – O dia que o terror foi em directo
Passam hoje cinco anos sobre o dia em que o terror nos entrou pelos olhos dentro, pela nossa sala de estar, não pedindo licença (aliás, exigindo-a) para mexer com as nossas vidas.
Já vi imagens muito marcantes, mas nada que se compare com aquela foto de um corpo em queda livre, de uma pessoa que segundos antes tinha decidido que era melhor morrer de uma queda que morrer carbonizado. É um dia que me marca ainda, que me marcou muito na altura (tinha 17 anos...) e que sem dúvida alguma marca aquilo sobre o qual me preocupo hoje em dia.
Acho que o dia Onze de Setembro (ouvir esta expressão ainda é horrível) deu início àquilo a que os historiadores daqui a décadas verão como um tempo novo. A primeira batalha religiosa depois da secularização das democracias ocidentais ao longo do século XX. Porque não duvidem que isto é uma batalha religiosa. A religião, ao longo da História, tem sido uma óptima desculpa para a matança generalizada. É um dado histórico. Os ataques a Nova Iorque, Washington e ao voo 93 foram só mais um capítulo nessa matança, e acho que os Estados Unidos (não confundir com o governo americano) está a fazer um trabalho magnífico na resposta aos ataques.
Qual era o alvo dos ataques? Causar o pânico e o medo. Cinco anos depois, é quase inacreditável o quanto o mundo americano não mudou. As pessoas retomaram a sua vida normal e a economia (que no fundo é a representação quantitativa do que as pessoas fazem) americana está outra vez em alta.
Não concordei com a intervenção no Iraque, porque julgava (e aparentemente bem) que misturar o Iraque na resposta ao Onze de Setembro era misturar "alhos com bugalhos" e era uma desculpa de G. W. Bush para acabar o trabalho de G. H. W. Bush, que este deixou a meio na primeira intervenção naquela região do globo. Mas sei bem quem é o inimigo e quem é o aliado que cometeu um erro (grave, mas continua a ter que ser nosso aliado, porque defendemos os mesmos valores).
É óbvio para mim que devemos, enquanto conjunto de povos que vivem em liberdade, contribuir para que as teocracias islâmicas cheguem ao fim. Não é possível continuar a deixar, em nome de um "multiculturalismo" que só significa cobardia, que mulheres sejam tratadas da forma que as mulheres islâmicas são tratadas hoje em dia, nas teocracias mais "avançadas" do Médio Oriente e Golfo Pérsico. Não é possível que permitamos que a ignorância daqueles povos os deixe, como há poucos dias o governo iraniano mostrou ao mundo, inscreverem-se para o martírio. Não é possível continuar a achar que tudo isto é passageiro e assobiar para o lado. O Iraque provou que isto não se faz pela via das armas. Temos (e acreditem que estamos no mesmo barco dos americanos – vide Londres e Madrid, por ex.) de achar maneira de os fazer ver que há outro caminho que não o da teocracia islâmica: o da Liberdade. De falar. De amar. De ver. De opinar.
Bem sei que é só uma porção pequena do mundo islâmico que acha os ataques de Onze de Setembro uma coisa boa. Bem sei que o Iraque não ajudou a nossa imagem entre eles. Mas se não fizermos nada haverá cada vez mais um "nós" e um "eles". E isso pode ser o principio do fim do melhor estado de vida colectiva que a humanidade atingiu: o da Liberdade.
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