Vota PTAPPSUE - Partido dos Tipos que Acham que os Políticos em Portugal São Um Excremento
Este fim de semana vou fazer algo de que tenho a certeza não me vir a arrepender.
No próximo domingo, não vou votar. Pela primeira vez na vida, não vou votar. Podem acusar-me do que muito bem entenderem. De irresponsabilidade. De desinteresse. De falta de civismo. De falta de patriotismo. Do que muito bem quiserem. Mas estou certo desta decisão. Sou um grande defensor da Democracia Parlamentar, como sendo o menos mau dos sistemas políticos, mas julgo que neste momento, a nossa muito jovem democracia está a chegar a um ponto que me dá náuseas. Este ano completam-se 18 anos da primeira vez que votei, todo feliz e contente da vida. Sentia-me importante. Finalmente podia dar voz às minhas convicções. Desde então nunca faltei à chamada. Algumas vezes votei em branco (quase sempre nas eleições autárquicas, uma vez que resido num dos maiores subúrbios de Lisboa e nunca fiz a menor ideia quem eram aqueles que supostamente poderia eleger. A este nível governativo, não acredito muito na aplicação dos ideiais partidários, antes nas pessoas que se apoiam nos aparelhos dos mesmos para chegar ao poder). A maioria das vezes votei num partido político. Não sempre no mesmo. Na eleição do Presidente da República também sempre exprimi a minha opinião, mesmo nas ocasiões em que se iria fazer um plebiscito. Infelizmente nestas eleições legislativas, ocorre a chamada situação "gota de água que faz transbordar o copo".
Eu nem me importava de votar em ex ou actuais toxicodependentes. Não me importava de votar em homossexuais, transexuais, ou o raio que os parta. Não me importava de votar em afinadores de máquinas, trolhas ou reputados e doutos catedráticos. Nem em "engenhócas", "arquitéitos", advogados do diabo, guardas prisionais, etc. Nem em foliões da noite ou em pacatos reformados...
O que me irrita profundamente, nesta altura do campeonato, é a total falta de credibilidade daqueles que me aparecem aos olhos. É que não há um que se aproveite... que miséria do caraças. A falta de ideias já é um clássico. Mas a obra feita (num ou noutro caso a obra não-feita) fala pelos "artistas". É francamente deprimente, meus amigos.
Que tenho eu pela frente?
- Um Primeiro Ministro - ou se calhar já não é, sinceramente não me interessa o tecnicismo - que só fez trapalhadas políticas em meia dúzia de meses de governo e que parece que está sempre a brincar com tudo e mais alguma coisa, com um ar de gozo do caraças. Não que eu ache mal a brincadeira em si, mas num político e mais ainda num PM, há que saber parar e ele, definitivamente, não parece conhecer o limite;
- Um ex-ministro de um dos piores governos possíveis e imagináveis, e que está de volta com os mesmos "companheiros de estrada". Ou seja, mais do mesmo. Mais solidariedade e tal, e escutar os problemas dos portugueses e tal, e conversar e tal...
- Um ministro do tal governo da trapalhada, que apela a valores com os quais não me identifico minimamente;
- Um "homem do passado", que transformaria Portugal numa grande exploração agrária colectiva ao serviço do campesinato, tudo envolto numa capa de grande alegria e de defesa dos direitos dos trabalhadores e dos operários. Alguém deveria dizer a esta gente que o Muro de Berlim já caiu há mais de 15 anos! Mas eles insistem, e insistem, e insistem...
- Um tipo que dá a cara por um "partido" que tem por base as clássicas e múltiplas divisões da extrema-esquerda, mas com uma conversa muito adaptada aos tempos modernos, conseguindo - honra lhe seja feita - esconder essas suas bases de apoio. Neste caso o PSR (viva o camarada Enver Hoxa, esse farol de luz) e a UDP (um grande bem haja ao camarada Mao e ao seu livro vermelho), entre outros... E aquele tom de voz, cândido e suave, é irritante como tudo. Nem um tipo das Testemunhas do Jeová me consegue irritar tanto. Juro!
Recuso-me a considerar forças como o PCTP-MRPP (ainda e sempre a sobreviver à custa dos coitados dos eleitores que confundem o seu símbolo com o do PCP), o POUS (já conseguiram filiar o 100º militante?), o PH, o PDA (que me colocou na caixa do correio um panfleto hilariante, em que advogava o fim do pagamento de impostos sobre o trabalho) e sei lá que mais partidecos (com o devido respeito, entenda-se) de ínfima expressão. Mal por mal, teria mais respeito por partidos destes, se tivessem como líder Manuel João Vieira, mas parece que o tipo só quer mesmo concorrer a Presidente da Republica. É pena... ou então talvez não.
E é isto que tenho pela frente... a somar ao habitual deserto de ideias concretas (ah e tal, vamos promover a convergência não sei do quê, com a média disto e daquilo, promovendo políticas que visem o crescimento sustentado daquilo e disto e tal...), temos um autêntico rol de potenciais maus primeiros ministros. Não concebo como possa sair desta "constelação de estrelas" um bom governo para Portugal. Ou até um assim-assim. Nem isso vejo como algo de plausível. E garanto que isto me preocupa. Assim sendo, que outros escolham por mim, que eu não quero ficar com o pesado fardo do arrependimento às costas, durante os próximos tempos.
Eu acho que doravante, e em honra a estas eleições, deveria existir no boletim de voto uma quadrícula com a seguinte opção: "Outros políticos que estes não prestam para nada" e, ganhando esta opção, íamos votar de novo passado um determinado tempo. Para mim, a qualidade dos políticos em Portugal tem vindo, curiosamente, a acompanhar a da televisão. O tom desta campanha comprova-o. Uma coisa é a picardia política, outra é o nível a que se chegou. Uma coisa é uma televisão de má qualidade, outra é uma TVI ou uma SIC (a RTP ainda me merece um pouquito de respeito, mas cada vez menos). Em ambos os casos não há nenhuma categoria em que se possam enquadrar, de tão maus que são. Pelo que não me resta outra alternativa que fazer com os nossos partidos políticos, o mesmo que actualmente faço com os canais generalistas. Pura e simplesmente não quero saber deles para quase nada.
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