sábado, janeiro 27, 2007

Eis, na sua máxima glória, o Portugal que elegeu o ditador de Santa Comba Dão e o agente do KGB como "Grandes Portugueses":

Na página 12 da edição do Público de hoje (que continua a ser o melhor jornal que se publica aos sábados), vem uma história que eu, muito honestamente, julgava que já pertencia a um Portugal do "antigamente", impossível de se passar num Portugal "moderno", mas eis que me enganei e esse Portugal continua a existir. Eis o resumo da história, que está - obviamente - muito mais desenvolvida no trabalho da jornalista Sofia Branco:

Maria Luísa é uma paraplégica que tinha 41 anos quando engravidou, em virtude, aparentemente, dos medicamentos que tomava colidirem com a eficácia da pílula que tomava há já 20 anos. Quando às 3 semanas de gestação consultou o médico de família, este recomendou lhe ir ao hospital de Abrantes para, ao abrigo da actual Lei, realizar o aborto que cessaria uma gravidez que só poderia resultar em mais sofrimento para Maria Luísa, veio-lhe logo ao caminho uma enfermeira dizer: "É proibido abortar em Portugal" e quando esta lhe retorquiu que na sua situação não é, ela olhou-a como se tivesse a dizer o maior disparate do mundo. Em seguida, a médica disse lhe logo: "Aqui vem-se para parir, não se vem para abortar (...) Não lhe vamos fazer um aborto, porque isso tem que se justificar muito", olhando-a com desprezo e recomendando que arranjasse uma carta para que o seu caso fosse avaliado por uma "comissão de ética" que levaria "o tempo que tivesse que levar". Depois de peripécias tão ou mais horripilantes, contactou uma enfermeira amiga em Lisboa, que lhe deu um número de telefone. Foi para Badajoz onde, por 475 euros, teve o seu problema resolvido em 5 minutos, sendo acompanhada por "2 médicos, 2 enfermeiras e um psicólogo".

Desta história cada um tire as suas conclusões sobre o sentido de voto no próximo dia 11. Eu cá tiro a minha: Ao invés de andarem a discutir quem linka o quê, uma discussão que deve interessar praí a 3 pessoas, andassem a discutir situações como esta, da real aplicação da actual e da futura Lei, faziam muito melhor figura - e talvez contribuíssem para que a malta não se sentisse tentada a eleger ditadores como grandes figuras da nossa rica História.

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