Pedro Santana Lopes "parte a loiça toda"... e com razão!
Estava eu a começar a jantar quando ligo a SIC Notícias para perceber o que é que se foi passando ao longo do dia. Nisto, anunciam para daí a alguns minutos uma entrevista com Santana Lopes, sobre a crise dos votantes nas directas do PSD. Mal esta começa, e não estavam passadas nem duas frases, quando (a sempre muito bonita) Ana Lourenço interrompe o ex-Primeiro Ministro com a frase: "Temos de ir em directo para o aeroporto...". É então que eu fico em sobressalto, a pensar que alguma coisa verdadeiramente grave se estaria a passar para interromper a emissão de forma tão abrupta, quando na sequência da frase, a jornalista completa "...para acompanhar a chegada de José Mourinho a Lisboa(...)". Fiquei atónito, como poucas vezes terei ficado a ver televisão, e começo a pensar "então interrompe-se um ex-Primeiro Ministro, que está a dar uma opinião (se mais ou menos válida não interessa para o caso) sobre uma possível fraude eleitoral no interior do maior partido da oposição, para dar a chegada de Mourinho à Portela? Se eu fosse ele, levantava-me e ia-me logo embora... Será que a Sky interrompia uma entrevista com Tony Blair para transmitir a chegada a Heathrow de David Beckham? Está tudo doido! Bem dito por mim, bem feito por ele. Quando finalmente regressaram ao estúdio (e isto depois de se assistir a um conjunto de imagens verdadeiramente parvas de uma confusão enorme em que, na realidade, só se viu o condutor do carro e não o próprio Mourinho), Santana Lopes interrompeu a entrevista a perguntar se estava tudo doido. Agradeceu com educação o convite e ficou-se por ali a perguntar "se era assim que o país ia para a frente" e se "os temas do sistema político não interessam para nada". Pode ser hipócrita (até porque grande parte da mediatização excessiva do mundo do futebol começou com a sua passagem pela presidência leonina), mas não deixou de ser o gesto mais nobre em defesa da Democracia dos últimos tempos. Agora fico curioso para saber quantos dos que malharam (e muitas vezes com razão) nele, quando as coisas não lhe correram bem, vão agora assinalar este gesto que só pode ser digno do maior aplauso em qualquer país minimamente civilizado.
PS: com um obrigado ao leitor Tiago: O vídeo.
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