terça-feira, dezembro 23, 2014

"Memory triggers"


Quando era pequena morei numa base militar. A base tinha uma porta de armas. Inicialmente entrava-se e saía-se pelo menos lado da Porta de armas ficando a mesma do lado direito de quem entra. Sempre que entrávamos o Oficial de Dia abria a cancela para passarmos e, ao passarmos o Oficial de Dia e o meu pai batiam continência um ao outro. Aquele gesto fascinava-me. A seriedade, a delicadeza e o respeito com que era feito era algo para além de um simples bater na testa com a mão.

Deixei de morar na base há muitos muitos anos e essa memória acabou fechada numa qualquer gaveta, daquelas que existem no nosso cérebro.

A minha filha frequenta uma escola de Campus Fechado. A portaria fica do lado direito de quem entra e tem o feitio da porta de armas da "minha" Base. Sempre que entro o porteiro abre-me o portão e eu quase tenho a tentação de lhe bater continência. Acabo por acenar-lhe e dar-lhe os bons dias e ele, seriamente e com respeito retribui o cumprimento. Sempre que entro na escola da minha filha recordo, um bocadinho, a minha infância e isso é muito bom.

Sem comentários: