sábado, novembro 29, 2008

Atraso de vida colectivo

Hoje desloquei-me à mui nobre cidade da Amadora para (mais) uma festa de anos de uma colega de escola da minha filhota. Saídos de lá por volta da uma da tarde, escolhemos voltar ao Oeste pela CREL / A8. Parámos para comer qualquer coisa numa estação de serviço e logo à saída da mesma vejo uma placa a informar de um acidente a 8 quilómetros de distância. Entretanto reparo que à entrada do Túnel de Montemor as duas faixas da esquerda se apresentavam como fechadas "obrigando" os condutores a conduzir apenas pela faixa da direita. Comentei então que "queres ver que o acidente foi no túnel?". Não era, tinha sido mesmo à saída do mesmo, e os carros começaram a acumular-se. Mas, em vez de ficarem na faixa da direita, boa parte dos automobilistas preferiu espalhar-se por todo o túnel, ocupando as 3 faixas e ainda boa parte da berma. Ora, o acidente era tão grave que passaram por aquele túnel, a muito custo, cerca de 6 ambulâncias, 4 carros da polícia, 2 carros de bombeiros e 2 reboques. Cada um deles precisou apitar, mudar de faixa, e demorar mais de 5 minutos a atravessar os menos de 800 metros do túnel, tudo devido à incapacidade dos senhores condutores de deixarem os corredores de emergência solicitados vagos.
Afinal, o acidente tinha envolvido 10 automóveis (e não as 7 que a SIC noticiou) e provocado 2 mortes e 6 feridos, fora os já tradicionais pequenos toques no sentido contrário dos mirones de serviço. Um carro incendiou-se, 2 estavam encavalitados nos rails separadores e havia uma quantidade incrível de restos de veículos espalhados pela estrada.
Mais do que as queixas ao piso da CREL, que é realmente perigoso, ao excesso de velocidade que muitas vezes vejo acontecer, mesmo com o piso molhado como era o caso fica-me a questão. E se aquelas 2 pessoas, ambas com cerca de 30 anos, que faleceram pudessem ter salvas se os meios de socorro lá pudessem ter chegado. O que é que mereciam aqueles senhores condutores que abandonaram os seus carros nas faixas que estavam marcadas como um enorme X vermelho para irem ver o "espectáculo"? Sinceramente, a vontade que me deu, ao ver um senhor de idade a falar ao telemóvel dentro do carro com a maior das calmas, enquanto uma ambulância apitava 3 metros atrás do seu carro para que este o tirasse da frente para ir socorrer os feridos do acidente, foi sair do carro e dar-lhe um enxerto de porrada. Mas aí, suponho, seria acusado de ser pouco civilizado!

PS: claro que 100 ou 200 metros depois de passarmos por aquele festival de metal distorcido e vidas destruídas, já se viam carros a acelerar no piso ainda húmido a mais de 140 km/hora. Porque só acontece aos outros, claro!

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