Não tenho por hábito responder a solicitações de anónimos, mas esta merece que perca aqui uns segundos a debitar alguns disparates. Eis a solicitação, que logo à partida me suscita várias dúvidas:"Não tem nada a haver com este post, mas gostava que o amigo Varela comenta-se aquela palhaçada na fórmula 1 no passado domingo. é que um piloto levar de rojo um mecanico só pode ser comparavel a um arbito anular um auto-golo por o jogador estar fora de jogo (situação que aconteceu no mesmo dia)"
Caro anónimo. Palhaçada? Onde? Se por palhaçada entendes aquilo que é hoje em dia a gestão táctica das corridas que a Ferrari anda a fazer, fazendo com que equipas como a McLaren pareçam experts no assunto, assino por baixo. Se for outra coisa, juro que não percebo.
Já na época passada notei um grande abaixamento nesta área tão critica dos Grandes Prémios de hoje em dia, com erros em catadupa, mas este ano, a coisa está a tomar foros nunca vistos.
Esta temporada a Ferrari tem utilizado um sistema de pit-stop que estava-se mesmo a ver que iria dar barracada. E isso tem-se confirmado, por mais que uma vez. Senão vejamos:
-Normalmente uma equipa de F1 tem os seguintes elementos à volta de um carro. Três elementos por roda (um aperta e desaperta a mesma, um retira o pneumático que termina a sua função e o 3º coloca o novo). Dois elementos para reabastecer (um que segura a mangueira e o outro que se encarrega do encaixe e desencaixe da mesma no bocal de enchimento de combustível). Dois elementos para levantarem o carro (um à frente e outro atrás que têm um macaco que normalmente coloca o carro no ar durante cerca de 4 segundos). Um outro que tem uma espécie de tapa- fogo que evita que haja um alastrar, de um eventual fogo por derrame de combustível, para o cockpit e finalmente um elemento de importância decisiva que é o famoso "senhor do lolly-pop", que tem uma espécie de chupa-chupa gigantesco e que é quem dá a ordem de partida ao piloto após verificar que a operação está concluída e que estão reunidas todas as condições para o carro voltar à via das boxes em condições de segurança.
- Não sei com que intenção (talvez ganhar um micro-cagajésimo de segundo em toda a operação, pois não acredito que seja para cortar nos custos. Quem sustenta 17 elementos, que trabalham na prática, menos de dois minutos por dia, em dias de prova, sustenta 18), mas a Scuderia Ferrari, decidiu esta temporada eliminar o senhor do Lolly-pop. Na prática o que sucede é que cada elemento da equipa de reabastecimento, assim que termina a sua função activa algo, que dá, por assim dizer a indicação que a sua tarefa está terminada. Quando todos os intervenientes na operação o fazem, fecha-se o circuito e aparece no painel de bordo do carro, ordem para o piloto sair para a via das boxes, o que eles fazem de imediato. Diz-se - na Formula 1 há muito secretismo e certas coisas não são de todo perceptíveis - que se utilizam interruptores accionados pelos mecânicos, sendo que há quem afirme que aquilo que fecha o circuito normalmente é um sensor instalado no sistema de enchimento de combustível, que é activado assim que o mecânico inicia a manobra de puxar a mangueira de enchimento de combustível.
Filipe Massa, aquando do seu 1º reabastecimento, fez aquilo que tinha que fazer - apareceu a luz verde de partida e saiu de imediato, levando atrás de si a mangueira de enchimento de combustível. Viu-se isto claramente na repetição. Obviamente que não poderia ir para a pista em tais circunstâncias. O resto não tem história. Ele saíu mesmo em cima do piloto da Force India, quase provocando uma colisão na via das boxes (Se houvesse o homem do lolly-pop, nem a mangueira tinha ido, nem ele se tinha atirado para cima do seu adversário), pelo que a penalização de passagem pelas vias das boxes está correctamente aplicada, pois foi um regresso à via das boxes perigosa.
Quanto a analogias com o futebol que fazes, palavra de honra que não as entendo.
Não deixa de ser curioso (ou então não) que nos segundos reabastecimentos, já tenha aparecido um improvisado "senhor Lolly-pop".
PS: Já agora agradecia que o caro anónimo se identificasse, pois assim não é de todo possível discutir isto, ou outra coisa qualquer. Nem que se identifique como "José dos Cavalos"
