segunda-feira, março 22, 2004

Informar! Até que ponto?

Informar, até onde se deve chegar?Aqui há uns dias, numa conferência sobre "A intervenção no Iraque um ano depois" a que assisti na Universidade Lusíada de Lisboa, estava presente o director d'O Público, José Manuel Fernandes. A determinada altura no tempo de debate, um aluno perguntou-lhe se, passando os Media determinado tipo de informação, não estarão a contribuir para a propagação do terrorismo. A resposta foi de que o que é publicado é apenas dependente do Director do meio de comunicação e do que este considera ser ou não publicável.
Mas afinal o que é publicável? José Manuel Fernandes, para ilustrar o que disse, contou uma história relacionada com o recente atentado de Madrid. Certos jornais espanhóis editaram graficamente uma foto, de modo a retirar uma perna decepada que se encontrava em 1° plano, por ser algo demasiado impressionante. Um outro jornal publicou a imagem sem edição enquanto alguns optaram por nem sequer a utilizar. A minha pergunta é: o que fariam vocês enquanto directores? Que versão prefeririam, enquanto leitores? A verdade por completo, por mais dura que fosse, ou uma versão mais "light"?
Enquanto director não sei - dúvidas, dúvidas e mais dúvidas - acho que só passando por uma situação destas. E mesmo assim não sei, possivelmente publicaria a foto integralmente, porque seria isso que preferiria enquanto leitor, por mais revolta ou nojo que me causasse ver tal imagem.
Será que publicar uma foto dessas, sem "retoques", é ajudar a propagar o terrorismo? Pode-se argumentar que sim, pois se a missão do terrorista é propagar o terror e os Media o fazem em maior ou menor grau (as pessoas ficam afectadas com o que vêem, e na quantidade em que o vêem, basta lembrar que as televisões não transmitiam mais nada nos dias que se seguiram aos atentados em Madrid), o Terror chega a todo o lado com uma força tremenda. Por outro lado pode-se dizer que a função dos Media é essa mesma - informar - e é normal que se queira informar bem, contando tudo tal como se passou, quando tal é possível, e que não fazem mais do que isso. Eu tendo mais pela primeira opção!
E vocês, o que pensam vocês sobre isto? - gostava de saber.

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