quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Campanhas sim! Invasão de privacidade não!

Ainda aqui não tinha escrito sobre o tema mais badalado dos últimos tempos. E se não escrevi é por que, muito sinceramente, a hipocrisia a que tantas vezes me obriguei a ouvir me irrita profundamente e não quis estar a aborrecer outras pessoas com o mesmo tema... Aborto...
Se vou no carro, mudo de estação quando se inicia mais um debate hipócrita sobre o aborto.
Na televisão mudo de canal... Nos jornais leio os títulos e as legendas... Ou seja, evito o assunto simplesmente por que me irrita a hipocrisia!

Mas o que me aconteceu vai mais além do que se possa imaginar e senti a minha privacidade verdadeiramente invadida e, na minha opinião, é o cúmulo dos cúmulos na campanha para o referendo do aborto.
O meu número de telefone de casa é confidencial. Não aparece na lista telefónica, e só as empresas que enviam contas para pagar e mais cinco ou seis pessoas amigas o têm.
Pois bem... há cerca de 10 minutos o telefone tocou, o que por si é algo verdadeiramente estranho. Tratava-se de uma senhora brasileira. Nada de estranho... Seria mais uma tentativa da TV Cabo ou da Netcabo a vender serviços, como é habitual. E ouvi...
E ouvi... alguém a dizer para não me esquecer do que ia acontecer no próximo Domingo. Dei por mim a pensar: Mau! Uma daquelas empresas a informar que ganhei um prémio e que tenho de o ir reclamar para depois me tentarem impingir alguma coisa?
Mas não... Disse-me a voz algo como isto: «No próximo domingo vai decorrer o referendo sobre o aborto e queria relembrá-la que é preciso ir votar. Claro que votar de acordo com a sua consciência. Eu vou votar não. Mas claro que a senhora pode votar de acordo com a sua consciência. O que é importante é mesmo ir votar!»
Pasmei. E calmamente perguntei de onde falava ao que me respondeu que se tratava de um grupo voluntário contra o aborto que se tinha juntado e que tinha decidido de forma proactiva ligar para as pessoas para incentivar a ida às urnas já que caso este referendo tenha mais de 50% de abstenção será o último a ser efectuado e as pessoas deixarão de ter direito de expressar a sua opinião...
Liguei para o serviço de informação para saber de que organização de tratava. A resposta é que o número é confidencial.
Porra! O meu também é! Já não basta todos os movimentos e informação que inundam jornais, televisões, rádios, outdoors, e outros meios, e ainda invadem a minha privacidade? Sei que podia ter desligado o telefone, mas não faz parte da minha educação desligar o telefone na cara das outras pessoas, por mais que muitas vezes me apeteça.

Ficou por perguntar: mas como raio teve o meu número de telefone?

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