segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Uma viagem à blogosfera feita por um tipo muito bronco e com umas ideias pré-concebidas algo polémicas

Eu blogo, tu blogas, ele bloga...Ao contrário da maioria das pessoas, comecei a escrever nesta "buracola" sem ter muito bem a noção daquilo que era um blog. Quando mo apresentaram, confesso, que até achei isto dos blogs assim meio-parvo e sem muito interesse (não é que este tenha alguma vez passado desse estado, mas desde então já encontrei alguns bem catitas). Que raio de coisa é esta onde as pessoas escrevem essencialmente sobre a sua vida? A vida do cidadão anónimo tem algum interesse? À partida não. Então porque raio vou eu ter e/ou escrever numa coisa dessas?

Conheci grande parte dos meus companheiros de escrita através de outras circunstâncias e de outras vivências, e foi só quando me ocorreu um facto na vida, o qual achei que não se enquadrava muito bem noutro local para onde debitei disparates em catadupa, que lhes pedi para me publicarem aqui esse acontecimento, sem ter também na altura a dimensão de que um blog é algo de muito pessoal. Hoje em dia, talvez não me tivesse atrevido a tal - o que vistas bem as coisas transformaria por certo este local em algo de muito mais útil e acima de tudo muito mais interessante.

No entanto, os fundadores da coisa, por piedade presumo, acederam em me publicar e, espanto dos espantos, insistiram para que continuasse (sabe-se lá por que razão) e agora não devem ter coragem para correr comigo.

"Ah e tal, coitado do Joaquim, o tipo é muito bronco e só diz disparates, mas já faz parte da mobília e tal..."

Durante muito tempo limitei-me a ser uma visita regular, quer deste, quer dos blogs de outras pessoas que conheço, sem ter muito bem a noção do que tudo isto representava. Sim, eu sei que isto não é muito comum, mas eu também não sou aquilo a que se pode chamar um "tipo normal". Assim sendo, passou-me completamente ao lado o florescimento destes cogumelos, tal como o controverso, e ainda por explicar, fenómeno "O meu Pipi". Assim como outros dos quais provavelmente nem tive conhecimento.

Esta conversa toda para quê, pergunta o estimado e incauto leitor? Esta conversa toda, porque somente na semana passada dediquei algum tempo à blogosfera nacional. Fui aqui (eu sei que não é nada de muito fiável, nem definitivo e muito menos abrangente, mas está para a blogosfera como a democracia está para a sociedade - é o menos mau de todos os sistemas) e fui ver quem eram os "best-sellers". Quais eram os blogs com maior número de visitantes e qual o conteúdo dos mesmos? Porque razão se diz que a blogosfera já tem algum peso na sociedade?

E, meus amigos, cheguei a algumas conclusões muito tristes. A grande maioria destes "best-sellers" trata de assuntos políticos, actuando numa lógica de "pescadinha de rabo-na-boca", com muita picardia à mistura, qual tertúlia virtual, sem grande interesse (pelo menos para mim). Traduzindo, o Causa nossa, refere que o Blasfémias disse não sei o quê com base num artigo do Público, em resposta a um artigo do Abrupto, que colocava em causa algo que já o Blog de Esquerda e o Semiramis tinham referido à cerca de 3 meses, não sem antes o Barnabé (ainda e sempre um resistente a colocar um contador, nem que seja por pura teimosia, o que não é nada de estranhar) ter sido referido como a fonte de toda a polémica em torno de um artigo do Afixe, que se tinha inspirado em algo que o Bloguitica. And so on, and so on...
Haja pachorra, meus amigos, haja pachorra...

Depois surge uma outra categoria, também muito bem representada. Refiro-me aos blogs que tratam do assunto que realmente interessa aos portugueses. Por certo muitos já adivinharam que me refiro ao futebol, claro! E qual não é o meu espanto quando reparo que é algo ligado a esses energúmenos (não são todos, eu sei, mas acaba a parte por pagar pelo todo) das claques de futebol, que lidera esta categoria. Megafone é o nome do pasquim e não me espanta nada que consiga tamanha visibilidade. Mais não seja por dar cobertura a "adeptos de futebol" que se organizam em coisas com nomes tão curiosos como : Máfia Vermelha, Tuff Boys, Insane Guys, Peste Negra, Ultra Marafados, Fúria Amarela ou Red Guns. Seguem-se mais exemplos, mais edificantes, felizmente, como sejam o 3º anel, o Bola na Área, o Livre Indirecto e o Nothingandall (sendo este uma mistura muito estranha entre Futebol e "neste dia aconteceu...").

Próxima categoria: Sexo e afins. Ah, não podia faltar, claro! Fotografias de mulheres nuas e textos em que o sexo anda um pouco por toda a parte, também estão muito bem representados. Não linko tais locais, não por pudor, mas porque acho que a qualidade dos mesmos deixa muito a desejar, como é frequentemente o caso.

Blogs do lobby-gay. Um de poemas, que não tenho a menor paciência para ler, apesar de respeitar quem o faça. Outro de um jornalista nos EUA, também com grande inclinação para a política. E ainda um outro de fotografias e que me dá uma soneira do caraças.

E sobra o quê?! Sobra muito pouco, meu amigos. No meio disto tudo, restam 3 ou4 blogs em que me revejo, e que correspondem ao tal conceito de mural de expiação da alma, em que o autor escreve o que muito bem entende, sem grandes preocupações com oo que quer que seja. Isto sim, para mim, ainda é a base de um blog. Assim sendo, fica aqui o meu mais sincero aplauso para esses autênticos resistentes que são o BloGotinha, o Blog dos Marretas e o Alguidar Pneumático.

Duvido que mais alguma vez venha a efectuar nova viagem a este mundo, uma vez que basta mais um conjunto ou dois de jornalistas, ou de políticos/deputados, entrar no corropio do "diz que disse", mais 2/3 blogs que falem de sexo e mais 3/4 sites que tratem de futebol iniciarem a sua actividade, para que estes resistentes deixem as luzes da ribalta de uma vez por todas. E se calhar para bem deles...

PS: Também nós já andámos pelo top-5, mas logicamente, e (in)felizmente tal deveu-se a uma grande afluência de visitas indesejadas (um pouco o que está a acontecer agora com a Charlize Theron) e foi um mito que felizmente desapareceu. Mal seria se fossemos o espelho do que quer que fosse... Livra! Deixava de uma vez por todas de escrever!

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